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Descobrindo tesouros escondidos em uma mudança de casa
Faces da Beleza #028

Querida leitora,
Hoje quero compartilhar com você uma experiência pessoal que tem sido transformadora em muitos aspectos.
2025 começou para mim com a realização de um sonho, mas também trouxe desafios inesperados.
Após 23 anos vivendo no mesmo apartamento que reformei quando o comprei, chegou a hora de fazer uma nova reforma e, para isso, precisei me mudar temporariamente.
A escolha do lugar para essa mudança temporária foi óbvia: minha sogra possui um apartamento no mesmo prédio, que não é habitado há algum tempo.
É o espaço onde meu marido viveu com sua família desde os seis anos de idade, quando se mudaram de São Paulo para o Rio de Janeiro.
Confesso que estava relutante em fazer essa mudança.
Cheguei a considerar outras opções de aluguel, mas a decisão final foi ficar na casa que, por quase 60 anos, foi um lar para a família do meu marido.
Minha resistência estava relacionada à pesada tarefa de selecionar, descartar e organizar as inúmeras coisas que ali se acumularam ao longo dos anos.
Além de ter sido um espaço relativamente pequeno para seis pessoas, os filhos saíram e deixaram objetos para trás, e minha sogra tinha dificuldade em se desfazer das coisas.
Essa mudança, que a princípio parecia ser apenas física, se revelou uma profunda jornada emocional e uma oportunidade de reflexão sobre o que realmente importa em nossas vidas e em nossos lares.
O desafio inesperado: organizando um lar cheio de histórias
Quando entrei naquele apartamento, acompanhada de três funcionários, para iniciar a organização do espaço, não imaginava a dimensão da tarefa que tínhamos pela frente.
Estávamos prestes a desbravar os tesouros de uma casa rica em histórias e sentimentos, acumulados ao longo de quase 60 anos.
A princípio, meu coração estava apertado com a necessidade de começar esse trabalho. Afinal, eu estava organizando um espaço que não me pertencia.
No entanto, concentrei-me no meu papel de facilitadora de algo que deveria ter sido feito há muito tempo. Minha sogra, por questões de saúde, vive com meu cunhado há mais de oito anos e não se interessa mais pelos objetos deixados neste apartamento.
Durante a execução dessa tarefa difícil, mas necessária, encontrei objetos que despertaram em mim diversos sentimentos e reflexões sobre a vida, os sonhos e a passagem do tempo.
Objetos que contam histórias: reflexões sobre o que ficou para trás
1. O crochê inacabado e as tarefas incompletas da vida
Durante a organização, encontrei um trabalho de crochê quase finalizado, ainda com a agulha encaixada no ponto.
Aquela peça inacabada me fez refletir sobre quantas vezes deixamos tarefas incompletas em nossas vidas, abandonadas por outras prioridades ou falta de tempo.
Será que quem começou aquele crochê ainda pensa em terminá-lo? Ou será que o processo de planejamento e execução parcial já cumpriu sua função, trazendo momentos de prazer e relaxamento?
Olhando para aquele crochê, percebi que nem sempre é necessário concluir tudo o que começamos.
Às vezes, o valor está no processo, no aprendizado e nas emoções vividas durante a jornada.
2. Tintas, pincéis e o tempo que temos para realizar nossos sonhos

Outro achado que me chamou a atenção foram as tintas a óleo e os materiais de pintura.
Uma grande parte havia secado e precisou ser descartada, mas cerca de cem tubos de tinta ainda estavam aproveitáveis.
Espalhados pela casa, encontrei também quadros de uma pintora iniciante: minha sogra.
Lembrei-me de que, logo após ficar viúva, ela teve tempo para ir a Copacabana e ter as aulas de pintura que tanto amava.
No entanto, as paredes da casa ainda tinham muito espaço para as obras que ela não chegou a produzir.
Sobraram as tintas, os cavaletes e os pincéis, que ainda podem ser usados para dar vida a novos sonhos.
Aqueles materiais me fizeram pensar sobre como é importante aproveitarmos o tempo que temos para realizar nossos sonhos e fazer o que amamos.
A vida é imprevisível e nem sempre teremos a oportunidade de concluir todos os nossos projetos, mas cada momento dedicado a eles vale a pena.
3. Receitas espalhadas e a busca pelo conhecimento
Durante a organização, encontrei revistas de receitas e muitas anotações culinárias espalhadas pela casa.
Eram receitas anotadas no primeiro caderno encontrado, em jornais, em blocos de notas...
Minha sogra, apaixonada por comida e por cozinha, colecionava essas preciosidades em uma época em que o acesso às receitas não era tão simples como hoje.
Para fazer um determinado prato, a receita precisava ser obtida de alguma forma, fosse através de um programa de TV, do rádio ou comprando revistas em bancas de jornais.
Aquelas anotações culinárias eram tesouros de conhecimento, fruto de uma busca constante por aprender e experimentar.
Hoje, com a internet, temos acesso a milhares de receitas a qualquer momento.
No entanto, a paixão por aprender e a dedicação em registrar e guardar esse conhecimento são lições valiosas que aquelas receitas espalhadas nos ensinam.
Valorizar o aprendizado e estar sempre em busca de novos saberes é um tempero especial que dá mais sabor à vida.
4. Despensa abarrotada e o apego ao que não serve mais
Ao explorar o apartamento, encontrei uma despensa abarrotada de alimentos vencidos.
Latas de leite em pó com o prazo de validade expirado, garrafas de azeite que não viam a luz do dia desde 2018... Havia até um suco de uva engarrafado que, quando aberto, revelou-se completamente avinagrado.
Aquela despensa me fez refletir sobre como, muitas vezes, insistimos em guardar coisas que já não nos servem mais, seja por apego emocional ou por uma sensação de que poderemos precisar delas no futuro.
No entanto, assim como os alimentos vencidos, esses objetos acabam ocupando um espaço valioso em nossas vidas, nos impedindo de abrir espaço para o novo.
Desapegar-se do que não serve mais, seja em sentido literal ou metafórico, é um exercício necessário para seguirmos em frente e permitirmos a entrada de novas experiências e oportunidades em nossas vidas.
5. Tecnologias obsoletas e a transição das memórias
Durante a organização, deparei-me com objetos tecnológicos de um passado não tão distante: um Walkman ainda na caixa, despertadores digitais, um projetor de slides da Minolta e até mesmo cinco celulares flip. Além disso, encontrei incontáveis fitas cassete, VHS e CDs.
Esses achados me fizeram refletir sobre como a evolução tecnológica tem impactado a forma como guardamos e acessamos nossas memórias.
Quantas lembranças preciosas não estão registradas nesses formatos obsoletos, correndo o risco de se perderem para sempre?
É importante pensarmos em estratégias para preservar essas memórias, migrando-as para formatos digitais mais atuais e duráveis.
Afinal, nossa história e nossas experiências são tesouros que merecem ser guardados e compartilhados com as próximas gerações.
6. Arte escondida nos objetos do dia a dia

Entre os objetos encontrados no apartamento, havia verdadeiras obras de arte disfarçadas de utensílios domésticos.
Eram peças de madeira esculpidas pelo Tio Romeu, um talentoso carpinteiro filho de italianos.
Apesar de seu ofício principal ser a carpintaria utilitária, ele presenteava os mais próximos com peças decorativas de extremo bom gosto.
Aqueles objetos me fizeram refletir sobre como, muitas vezes, os verdadeiros talentos e paixões das pessoas ficam escondidos nas atividades do dia a dia.
O Tio Romeu tinha um dom especial para criar beleza a partir da madeira, mas, em uma época em que o trabalho era a prioridade para sustentar a família, esse talento ficou em segundo plano.
Quantos de nós não temos paixões e habilidades que acabam sendo deixadas de lado pelas demandas da vida adulta?
É importante valorizarmos e cultivarmos esses talentos, pois eles nos conectam com nossa essência e nos permitem expressar nossa criatividade e individualidade.
7. Travesseiros mofados e a importância de renovar os laços

Por fim, em meio a uma pilha de travesseiros mofados, encontrei lembranças de momentos de união e alegria em família.
Aqueles travesseiros eram testemunhas de noites animadas, com os sete netos espalhados pela sala em sofás e colchonetes, compartilhando histórias e risadas.
No entanto, assim como os travesseiros que precisavam ser descartados, percebi que os laços familiares também precisam ser renovados e cuidados com o passar do tempo.
Se não dermos atenção e não criarmos novas oportunidades de convivência, esses laços podem se deteriorar e se perder.
Cuidar dos relacionamentos que nos são caros é tão importante quanto cuidar do espaço físico que habitamos.
É preciso estar atento e disposto a renovar e fortalecer esses vínculos, criando novas memórias e nutrindo o amor que nos une.
Uma jornada compartilhada: quando a mudança une a família
Ao longo desse processo de mudança e organização, percebi que não estava sozinha nessa jornada.
Minha própria experiência de seleção e desapego parecia pequena quando comparada à vivência da família do meu marido naquele apartamento.
Enquanto nós estamos há 20 anos em nossa casa, eles viveram naquele espaço por quase 60 anos. São histórias, lembranças e objetos acumulados por toda uma vida, que agora precisam ser ressignificados e transformados.
Em breve, os quatro filhos se reunirão para fazer suas próprias escolhas e levar consigo os itens que lhes são especiais.
Será um momento único de reencontro com o passado, de partilha de memórias e de fortalecimento dos laços familiares.
Percebi que essa mudança não é apenas minha, mas de toda a família.
É uma oportunidade de nos unirmos, de nos apoiarmos mutuamente e de criarmos novos significados para nossa história. Juntos, estamos transformando não apenas o espaço físico, mas também nossa relação com o passado e com o futuro.
Essa experiência me fez refletir sobre a importância de compartilharmos nossas jornadas com aqueles que amamos.
Quando enfrentamos desafios e mudanças, ter o apoio e a compreensão da família pode fazer toda a diferença.
É nesses momentos que descobrimos a força que temos juntos e o quanto podemos crescer e evoluir unidos.
Desapego e renovação: lições de uma mudança física e emocional
Organizar e esvaziar o apartamento da família do meu marido tem sido um processo intenso e transformador. Além da mudança física, estamos vivendo uma profunda mudança emocional e espiritual.
Desapegar de objetos que carregam tantas lembranças e significados não é uma tarefa fácil. Cada item guarda uma história, uma emoção, um pedaço de nós mesmos.
No entanto, aprender a deixar ir aquilo que não nos serve mais é essencial para abrirmos espaço para o novo em nossas vidas.
Essa experiência tem me ensinado muito sobre a importância do desapego. Não apenas o desapego de coisas materiais, mas também o desapego de ideias, crenças e padrões que já não condizem mais com quem somos e para onde queremos ir.
A mudança é uma oportunidade de nos renovarmos, de ressignificarmos nossa história e de criarmos uma nova realidade.
Ao nos libertarmos do peso do passado, abrimos espaço para a leveza, para a gratidão e para a abundância em nossas vidas.
Valorizando o que realmente importa em um lar
Ao longo desse processo de organização e ressignificação do apartamento da família do meu marido, aprendi que um lar é muito mais do que um espaço físico ou os objetos que nele estão.
Um verdadeiro lar é feito de amor, de memórias, de risadas e de histórias compartilhadas.
Claro, os objetos têm seu valor e sua importância. Eles nos conectam com o passado, nos trazem lembranças preciosas e nos ajudam a contar nossa história.
No entanto, quando nos apegamos demais a eles, corremos o risco de perder de vista o que realmente importa.
Mais do que acumular coisas, precisamos cultivar experiências, relacionamentos e aprendizados. São esses os verdadeiros tesouros que carregamos conosco, independentemente de onde estejamos ou do que tenhamos.
Ao nos libertarmos do excesso e do apego, abrimos espaço para a gratidão, para a leveza e para a plenitude em nossas vidas. Passamos a valorizar cada momento, cada encontro e cada oportunidade de crescimento e conexão.
Querida leitora, convido você a olhar para seu próprio lar e para sua própria vida com esses novos olhos.
O que realmente importa para você? Quais são os tesouros que você quer cultivar e valorizar?
Até a próxima semana
Com carinho,
Dra. Luciana Palma (Lu) 🤍
Enriquecendo a alma
📚 Livro que estou lendo:
Não fossem as sílabas do sábado por Mariana Salomão Carrara
🎬 Filme que recomendo:
The Family Plan
🎬 Série que estou assistindo:
Bad Sisters
🎧 O que tenho ouvido:
Michael Singer Podcast
Quem é a Dra. Luciana Palma

Deixa eu me apresentar a você que chegou aqui agora.
Muito prazer! Sou a Luciana (Lu), cirurgiã plástica especializada em cirurgia das mamas, com mais de 23 anos de experiência na área. Formada pela UFJF em 1993, realizei residência em cirurgia geral e no INCA, no Rio de Janeiro.
Desde 2001, me dedico à Técnica de Mastopexia com cicatriz reduzida em L, buscando resultados estéticos superiores com menor invasividade.
Com mais de 5 mil cirurgias realizadas, sou preceptora de Serviços Credenciados da SBCP e coordeno o Curso Mama em L, compartilhando minha experiência com outros cirurgiões plásticos.
Para agendar uma consulta, te convido a clicar aqui.
Dra. Luciana Palma: RJ CRM 5258334-2 | RQE 17595
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