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Entre o conforto e o chamado: a escolha corajosa que mudou tudo

Faces da Beleza #030

Olá, querida leitora!

Aqui estou eu, escrevendo para você de uma casa flutuante em Angra dos Reis. Sim, você leu certo!

Estou passando minhas pequenas férias de janeiro em uma casa completa, construída sobre um deck de madeira, cercada pela costa sul do Rio de Janeiro.

Enquanto o suave balanço da casa me embala, não posso deixar de refletir sobre todas as casas em que já vivi.

Sabe, cada casa representa uma fase única da minha vida, repleta de desafios, aprendizados e crescimento.

Ao relembrar essas moradas, percebo como cada uma delas moldou a pessoa e a médica que me tornei. E hoje, quero convidar você a embarcar comigo nessa jornada pelas memórias afetivas dos lares que me acolheram e me transformaram.

Então, acomode-se, pegue uma xícara de chá e permita-se viajar comigo pelas casas que marcaram minha trajetória.

Tenho certeza de que, ao longo do caminho, você também encontrará pedaços da sua própria história e talvez descubra que, assim como eu, cada mudança externa reflete uma transformação interna.

A Primeira Casa: Onde os Sonhos Começaram

Nasci e vivi na mesma casa até os 17 anos, idade em que me mudei para Juiz de Fora para cursar medicina.

Essa casa, para a qual fui trazida logo após meu nascimento em Leopoldina, guarda as memórias mais doces da minha infância.

Localizada nos fundos de outra casa muito grande, minha primeira morada foi construída em uma parte do quintal que minha mãe comprou de seu tio.

Para chegar até lá, era preciso percorrer um beco comprido depois do portão.

Um beco largo o suficiente para um carro passar apertado, mas longo o bastante para guardar tranquilamente mais de cinco carros.

Ali, brincávamos de queimada e, à noite, tomávamos cuidado para não pisar nos sapos que apareciam sob a iluminação precária.

A casa ficava em um declive, e ao chegar pelo beco, já éramos recebidos por enormes pilares que sustentavam a janela do meu quarto.

No quintal, tínhamos um galinheiro e até criamos um porco, antes da proibição da criação de animais em ambiente urbano.

Lembro-me da sala fechada por uma porta de correr com vidro canelado, que eu tinha medo de quebrar.

Era nessa sala que ficava o piano, onde eu praticava relutantemente antes das aulas no conservatório.

E havia o quarto de estudos, cobiçado por quem estava no ano do vestibular.

Eu dividia o quarto com minhas duas irmãs, dormindo na cama do meio.

Meus sapatos ficavam guardados em uma pequena mesa de cabeceira à direita, enquanto todas as minhas roupas e material escolar se acomodavam em um armário de duas portas.

Foi nessa casa que aprendi a sonhar, a almejar algo diferente, sem nunca desvalorizar o espaço em que vivi. 

Cada canto guarda uma lembrança, cada memória é um tijolo na construção de quem eu viria a me tornar.

E você, querida leitora, também guarda lembranças afetivas da casa em que cresceu? Que tal se permitir revisitar esses momentos e reconhecer como eles contribuíram para a mulher que você é hoje?

A Segunda Casa: Descobrindo a Independência

Minha segunda casa foi em outra cidade, Juiz de Fora.

No início, morei no apartamento da minha tia, que ficava fechado na Rua Halfeld, bem no centro da cidade. Era um daqueles prédios sem porteiro à noite e sem interfone.

Estávamos em 1988, quando as linhas de telefone eram raras e caras.

Para me comunicar com meus pais, eu precisava enfrentar a fila do orelhão e esperar minha vez de ligar a cobrar.

A janela do apartamento me dava o privilégio de vigiar quando o orelhão estava desocupado.

Mais tarde, meus pais conseguiram comprar um pequeno apartamento no final da Rua Santo Antônio. Era realmente pequeno, então dividi com uma amiga para compartilhar as despesas.

Depois, nos mudamos para o mesmo prédio onde ficava o apartamento da minha tia.

Lá, morávamos eu, minha amiga Andréia e, posteriormente, minha irmã mais nova, que veio para Juiz de Fora cursar odontologia.

Apesar do pouco tempo livre devido à intensa rotina de estudos, nosso apartamento estava sempre cheio.

Muitos amigos o transformaram em um ponto de encontro nos intervalos entre as aulas.

Isso chegou a gerar reclamações do síndico para os meus pais, em uma atitude preconceituosa, dizendo que estudantes não deveriam morar naquele prédio.

Morei na Rua Marechal Deodoro por quase seis anos. Foi lá que me tornei adulta, comemorando e sofrendo as dores do amor e das perdas. 

Amadureci minhas amizades e me preparei para o destino com o qual sempre sonhei: o Rio de Janeiro.

Essa fase da vida, marcada pela descoberta da independência e pelo crescimento pessoal, é tão significativa, não é mesmo?

Tenho certeza de que você também guarda histórias preciosas desse período, histórias que a ajudaram a se tornar a mulher forte e determinada que é hoje.

A Terceira Casa: Perseguindo o Sonho

Foi no Rio de Janeiro que tive minha terceira casa, completamente diferente das anteriores.

Após passar na residência de Cirurgia Geral do Hospital Pedro Ernesto, me mudei para a moradia oferecida aos médicos residentes.

Era uma moradia coletiva, em um prédio anexo ao hospital, em Vila Isabel. No térreo, ficava o necrotério, e um elevador nem sempre funcionante nos levava aos andares superiores, onde os médicos do sexo masculino ficavam no sexto andar e as meninas no sétimo.

Quando me mudei, em fevereiro de 1994, o calor era intenso.

Provavelmente, o prédio não tinha nenhuma laje.

No quarto que dividi com uma colega da mesma turma de medicina, sequer tivemos tempo de comprar um ventilador.

Eu acordava de madrugada para tomar uma ducha fria e conseguir dormir novamente.

Muitas vezes, questionei que sonho maluco era aquele, de deixar o conforto para viver naquelas condições.

Mas ali, eu estava por mim mesma.

Aos 23 anos, como médica residente, já havia me tornado independente financeiramente.

Estar ali era uma escolha, pois eu tinha medo de trabalhar como plantonista em hospitais distantes para conseguir pagar um aluguel.

Sabia que era temporário, e a facilidade de estar ao lado do plantão compensava o desconforto.

Eu fechava os olhos para as dificuldades e mergulhava ainda mais nos estudos, determinada a passar na segunda prova de residência, desta vez em cirurgia plástica.

Querida leitora, você já se viu diante de um desafio que exigiu abrir mão de certas comodidades em prol de um sonho maior? Essa terceira casa representa, para mim, a coragem de perseguir meus objetivos, mesmo quando o caminho parecia árduo.

E tenho certeza de que você também carrega histórias de superação e determinação que a tornaram a mulher incrível que é hoje.

A Quarta Casa: Um Lar Improvável

Aos 25 anos, durante minha residência no INCA, fui para uma nova casa.

Acredite se quiser, dessa vez era um motel na Praça Tiradentes!

Por mais estranho que pareça, a residência do INCA, naquela época, oferecia aos médicos residentes um quarto compartilhado em um hotel três estrelas, localizado a três quadras do hospital, na Praça da Cruz Vermelha.

Com toda a estrutura de um hotel, tínhamos um delicioso café da manhã e algumas mordomias. Ali, eu já me sentia mais segura para aproveitar a cidade.

Tinha meu primeiro carro e foi nessa época que conheci meu marido e planejei meu casamento.

Engraçado como a vida nos surpreende, não é?

Às vezes, encontramos conforto e estabilidade nos lugares mais inesperados.

E foi justamente em um motel que comecei a construir as bases para a próxima fase da minha vida.

A Quinta Casa: Construindo uma Família

Quando me casei, fui para minha quinta casa, um apartamento em Botafogo, bem próximo de onde moro hoje.

Foi lá que vivi o último ano da minha residência, os primeiros anos do meu casamento e a chegada do meu primeiro filho.

Aquele apartamento foi testemunha de uma das fases mais transformadoras da minha vida.

Entre plantões, noites mal dormidas e a descoberta da maternidade, eu me vi diante de novos desafios e responsabilidades.

Mas foi também um período de imenso amor e aprendizado.

Foi naquela casa que fiz as contas e percebi que seria possível comprar um apartamento maior, fazer uma obra para acomodar confortavelmente minha crescente família.

Cada cômodo guarda memórias de decisões importantes, de sonhos compartilhados e de um amor que se multiplicava.

E você, querida leitora, também tem lembranças especiais da casa em que começou a construir sua própria família? Seja com um companheiro, com filhos ou mesmo com amigos que se tornaram família, tenho certeza de que essas memórias aquecem seu coração.

A Casa Atual: Meu Porto Seguro

Quando entrei na casa em que moro há 22 anos, a mais longeva de todas, olhei pela janela e pensei: "Eu nunca mais vou sair daqui, não troco essa vista por nada".

E parece que minha intuição estava certa.

Esta casa é o meu refúgio, o lugar onde posso recarregar minhas energias após um dia intenso de trabalho.

Cada cômodo guarda memórias de momentos especiais, de risadas compartilhadas, de abraços apertados e de sonhos realizados.

É aqui que me sinto verdadeiramente em paz, cercada pelo amor da minha família e pela tranquilidade que a vista da janela me proporciona.

Ao longo desses anos, a casa passou por transformações, assim como eu.

Adaptamos os espaços para acomodar as necessidades da família, assim como adaptei minha rotina para equilibrar minha dedicação à medicina e meu papel como mãe e esposa.

E, a cada mudança, renovamos nosso amor por este lar que construímos juntos.

Querida leitora, espero que você também tenha encontrado ou esteja a caminho de encontrar seu porto seguro.

Um lugar que seja seu refúgio, seu ninho, seu ponto de paz em meio à agitação do mundo.

E que, ao olhar para sua trajetória, você perceba como cada casa, cada fase, contribuiu para a mulher incrível que você é hoje.

A Jornada Continua

Ao revisitar as casas em que vivi, percebo como a vida é feita de ciclos, de chegadas e partidas, de portas que se fecham e de janelas que se abrem.

Cada mudança externa trouxe consigo uma transformação interna, um aprendizado, um crescimento.

Da menina que sonhava em ser médica na casa da infância à mulher realizada que escreve para você hoje, há um longo caminho percorrido.

Um caminho marcado por desafios, por escolhas difíceis, mas também por conquistas e alegrias imensuráveis.

E assim como eu, querida leitora, você também está trilhando seu próprio caminho.

Com cada passo, cada mudança, cada casa que habita, você está construindo sua história única e preciosa. Então, permita-se olhar para trás com carinho e gratidão, e para frente com esperança e coragem.

Afinal, a jornada continua. E eu estou aqui, torcendo por você e vibrando a cada conquista sua.

Porque se tem uma coisa que aprendi ao longo dessa trajetória, é que nenhuma mulher caminha sozinha.

Estamos todas conectadas, apoiando umas às outras, crescendo juntas.

Então, sigamos em frente, construindo nossos lares não apenas com tijolos e cimento, mas com amor, com sonhos e com a certeza de que, independentemente de onde estejamos, é a nossa essência que nos define.

Com carinho,

Dra. Luciana Palma (Lu) 🤍

Enriquecendo a alma

📚 Livro que estou lendo:
Não fossem as sílabas do sábado por Mariana Salomão Carrara

🎬 Filme que recomendo:
Here

🎬 Série que estou assistindo:
Bad Sisters

🎧 O que tenho ouvido:
Michael Singer Podcast

Quem é a Dra. Luciana Palma

Deixa eu me apresentar a você que chegou aqui agora.

Muito prazer! Sou a Luciana (Lu), cirurgiã plástica especializada em cirurgia das mamas, com mais de 23 anos de experiência na área. Formada pela UFJF em 1993, realizei residência em cirurgia geral e no INCA, no Rio de Janeiro.

Desde 2001, me dedico à Técnica de Mastopexia com cicatriz reduzida em L, buscando resultados estéticos superiores com menor invasividade.

Com mais de 5 mil cirurgias realizadas, sou preceptora de Serviços Credenciados da SBCP e coordeno o Curso Mama em L, compartilhando minha experiência com outros cirurgiões plásticos.

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