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Ficção ou realidade? Três histórias impactantes de superação
Faces da Beleza #017
Faces da Beleza #017
Olá, minha querida!
Feliz Dia das Crianças! Espero que você tenha tido a oportunidade de celebrar essa data especial ao lado das crianças da sua vida.
Aqui em casa, passamos o dia brincando e relembrando a alegria de ser criança.
E sabe o que mais gosto nessa data? A oportunidade de soltar a imaginação e embarcar em histórias incríveis, misturando realidade e fantasia.
Então, hoje, quero te convidar para uma brincadeira diferente.
Vou te contar três histórias marcantes que vivi ao longo da minha trajetória como cirurgiã plástica.
Cada uma delas aconteceu em um momento distinto da minha carreira, quando eu ainda estava aprendendo e me encantando com as surpresas dessa profissão.
Mas tem um detalhe: UMA dessas três histórias NÃO É verdadeira.
Isso mesmo, eu inventei uma delas do começo ao fim, apenas para tornar nossa brincadeira mais divertida.
Será que você consegue adivinhar qual é a história fictícia?
Então, vamos lá!
Acompanhe com atenção cada caso que vou narrar e, no final, deixe nos comentários a sua aposta.
Na próxima newsletter, eu revelo a resposta e conto quem acertou o nosso desafio.
Preparada para essa viagem entre realidade e ficção?
História 1: A paciente de abdominoplastia
Querida, vou te contar um caso que me marcou profundamente e me fez refletir sobre como a vida pode ser imprevisível e cheia de reviravoltas.
Certo dia, entrou no meu consultório I., uma paciente de 32 anos que eu havia operado há 6 meses. Ela tinha feito uma abdominoplastia e estava lá para uma consulta de revisão.
I. era mãe de dois filhos, de 8 e 10 anos, e era casada com R., um homem bem mais velho que ela.
Logo que I. entrou, notei que havia algo diferente no seu semblante. Ela então me contou que tinha ficado viúva recentemente.
Fiquei chocada, pois conhecia R. das consultas anteriores.
Ele sempre acompanhava I. e parecia muito atencioso, acompanhando cada passo da transformação dela.
Eu tinha certa intimidade com o casal e perguntei como I. estava lidando com a perda e com a responsabilidade de cuidar dos filhos sozinha.
Foi então que ela me surpreendeu, dizendo:
"Muito melhor, doutora. Minha vida era um inferno."
Ele era agressivo, não me dava nenhuma segurança financeira, e foi um verdadeiro alívio quando ele morreu".
Fiquei sem palavras.
I. parecia precisar desabafar e encontrou em mim uma confidente.
Ela me contou detalhes de como a última briga do casal tinha sido violenta, com R. chegando a agredi-la fisicamente.
R., muito mais forte que ela, a dominou fisicamente e a segurou pelo pescoço. I., na posição de quase estrangulada, pensou rápido e simulou um desmaio.
Então, ficou deitada no chão, fingindo-se desacordada para assustá-lo e interromper a briga. E conseguiu.
R. ficou desesperado, começou a chamá-la, dar tapinhas no seu rosto, mas I. continuou seu teatro.
Como I. não respondia, R. colocou os dedos no pescoço dela, procurando pulsação. Ele imaginou que a havia matado.
I. já tinha medo de interromper a simulação.
R. estava realmente nervoso.
Então, ele ligou para a amante, enquanto I. se esforçava para sequer respirar profundamente, mas estava mais que viva, com todos seus instintos de sobrevivência à flor da pele.
Na ligação, R. dizia desesperado:
"Eu matei a I.!"
Enquanto falava ao telefone, ele voltava ao corpo dela e confirmava a ausência de batimentos. Até que ele despencou no sofá com dor no peito e com dificuldade para respirar.
Foi nesse momento que I. então se sentiu segura para levantar.
R. já tinha apresentado sinais de insuficiência coronariana… Quando ele viu I. em pé, do outro lado da sala, obviamente não estava mais preocupado com a sobrevivência dela.
Pediu: "Por favor, pega meu remédio."
I. me contou que um filme passou na sua cabeça: o namoro apaixonado, o casamento, o nascimento dos filhos e depois a sequência de brigas, humilhações e agressões físicas.
Entre ir até a cozinha pegar o remédio e dar uma chance à liberdade da viuvez, ela escolheu a segunda opção.
Sentou-se e observou o olhar de súplica de R. baixando para o chão, à medida que sua cabeça pendia. Seu corpo foi se tornando violáceo, sem movimento.
I. andou silenciosamente até o quarto dos filhos e encostou a porta. Não queria que eles vissem o pai morto.
Esperou 15 minutos e então ligou para os bombeiros.
Disse que encontrou o marido morto na sala.
Aquela conversa me deixou sem chão.
Eu não tinha como julgar as atitudes de I., pois não vivi o pesadelo que foi seu casamento.
Mas aquele relato me fez pensar em como, às vezes, a liberdade tem um preço alto. E em como nunca sabemos o que se passa dentro da casa e do coração de alguém.
Depois daquele dia, I. seguiu sua vida e criou os filhos com toda dedicação.
Mas aquela história ficou marcada em mim como uma lembrança de que, por trás de cada rosto que atendemos, existe uma vida cheia de complexidades que nem sempre podemos imaginar.
Agora, me diga…
Essa primeira história é: |
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História 2: O paciente da ginecomastia
Este caso me marcou profundamente durante minha residência em um hospital público. Ele ilustra como, às vezes, nossa falta de informação pode levar a situações inesperadas e delicadas.
Certo dia, o chefe do serviço, um renomado professor, solicitou a internação de L. para uma cirurgia reparadora. Ele disse que estava atendendo o pedido de um colega de São Paulo.
L. havia sido submetido a uma cirurgia de ginecomastia, mas precisava de um reparo, pois o resultado não tinha sido satisfatório.
A ginecomastia é uma condição em que as mamas masculinas se apresentam volumosas, semelhantes às mamas femininas.
Existem graus mais leves, em que só uma leve projeção do mamilo acontece, mas também há graus mais avançados, em que um homem poderia usar um sutiã tamanho 44, para dar uma ideia. E o caso de L. era exatamente este.
Na primeira cirurgia, realizada em São Paulo, retiraram todo o conteúdo mamário, mas havia sobrado muita pele ao redor do mamilo, o que deixou um aspecto realmente desagradável.
L. chegou com o encaminhamento do chefe e fez toda a burocracia da internação.
Apresentou um documento informal e veio acompanhado de sua esposa.
Conseguiram uma vaga especial para ele na enfermaria, por se tratar de um pedido do chefe. A esposa acompanhava ele em todo o tempo que era permitido.
E então chegou o dia da cirurgia.
L. foi levado ao centro cirúrgico e posicionado na maca para a preparação anestésica. O planejamento era ajustar toda a pele excedente da mama, o que exigiria anestesia geral.
Como o tempo cirúrgico seria um pouco mais longo, a anestesia indicou a passagem de uma sonda vesical para controle do funcionamento renal.
Quando a residente K. foi iniciar a degermação da região genital para a passagem da sonda, notou algo estranho. O pênis de L. se movimentava de forma diferente.
Continuando o processo de degermação, que envolve uma esponja cheia de um sabão próprio, o pênis de L. ficou na mão dela, se desgrudando do corpo!
K. ficou assustadíssima e repetia pela sala de cirurgia:
"Eu não fiz nada para que isso acontecesse!".
Uma mistura de pânico e riso tomou conta daquele ambiente cirúrgico. E a farsa foi desmontada: L. era um homem trans há alguns anos.
Ele usou um documento informal (carteirinha do clube) porque, na ocasião, as leis da transexualidade ainda não estavam em vigor. Usava um dispositivo genital que simulava um órgão genital masculino e permitia que ele urinasse em pé.
O chefe que atendeu o pedido do amigo e solicitou a internação de L. sabia de tudo, mas não informou à equipe, achando que a transexualidade não seria detectada.
A cirurgia foi suspensa e aconteceu em outras condições, alguns dias depois.
Esse caso me ensinou muito sobre a importância da comunicação clara e do respeito à identidade de gênero dos pacientes.
Hoje, felizmente, temos leis e protocolos mais avançados para acolher e cuidar das pessoas trans com a dignidade que elas merecem.
Agora, responda aqui embaixo:
Essa segunda história é: |
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História 3: A vida que insistiu
Minha querida, para a nossa última história, escolhi compartilhar com você esse caso que me marcou profundamente no início da minha carreira.
Eu era plantonista do hospital em que fazia residência em cirurgia plástica.
Naquela época, há quase 30 anos, o plantão era geral. Não atendíamos apenas à especialidade de cirurgia plástica, mas também todos os pacientes que chegassem na emergência.
Separávamos o turno em três segmentos, para que um dos três plantonistas sempre estivesse disponível na "porta", enquanto os outros descansavam. Caso preciso, um segundo descia para auxiliar.
Num dos meus primeiros atendimentos, chegou um senhor de aproximadamente 70 anos, trazido pelos vizinhos.
Chegou andando, falava com dificuldade, mas conseguia responder bem às minhas perguntas.
O casal de vizinhos estava bem assustado e me relatou que trouxeram o Sr. V. porque observaram uma gota de sangue escorrendo no seu pescoço.
O trajeto do sangue começava dentro do ouvido, onde se observava uma vermelhidão e um aspecto brilhante.
O Sr. V. tinha um histórico de tratamento oncológico para um tumor tratado pela especialidade de cabeça e pescoço. Um tumor de laringe que precisou de cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
Atualmente, estava em controle. Não fazia sentido o sangramento pelo ouvido.
– Caiu?
– Bateu a cabeça?
– Alguma dor de ouvido mais severa nos dias anteriores?
Todas as respostas foram negativas.
Foi então que o casal que o trouxe me chamou na sala ao lado.
Disseram que ouviram um estampido e foram imediatamente ver o que tinha acontecido no apartamento ao lado.
Encontraram uma arma em cima da mesa e o Sr. V. em pé, assustado, com o sangue no ouvido. Foi então que o levaram para o hospital.
A suspeita mudou completamente.
Meu horário estava acabando, e o raio-x da cabeça seria feito já no próximo turno.
Quando acordei, meu colega me deu a notícia confirmada: um projétil se instalou no osso da mastoide, uma das partes mais compactas do nosso crânio.
Venceu a doença, venceu o suicídio. A vida ainda insistia para o Sr. V. ficar mais por aqui.
Essa terceira história é: |
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Ficção ou realidade?
Chegamos ao fim de mais uma edição da nossa newsletter Faces da Beleza.
Hoje, compartilhei com você histórias impactantes sobre transformação, superação e escolhas difíceis.
Mas aqui vai um desafio: uma dessas histórias é fictícia.
Você conseguiu adivinhar qual é?
Reflita sobre os detalhes, as emoções envolvidas, a forma como cada narrativa se desenrolou.
Qual delas parece mais próxima da realidade que conhecemos?
Muitas vezes, a vida real nos surpreende com reviravoltas que parecem saídas de um roteiro de cinema.
A realidade pode superar a ficção, com tramas complexas, personagens memoráveis e lições valiosas.
Na próxima newsletter, eu revelarei qual das histórias foi criada por mim.
Até lá, fique com essa reflexão: independentemente de ser real ou fictícia, cada narrativa carrega uma mensagem poderosa sobre a força interior que todos nós temos para superar obstáculos e buscar a vida que merecemos.
Se você está enfrentando um momento desafiador, saiba que você tem o poder de transformar sua realidade.
Acredite em si mesma, busque ajuda quando precisar e nunca desista dos seus sonhos.
Você é capaz de coisas incríveis, minha querida. Nunca duvide disso.
Nos vemos no próximo domingo, às 18h.
Com todo o meu carinho,
Dra. Luciana Palma (Lu) 🤍
Enriquecendo a alma
📚 Livro que estou lendo:
Memorias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
🎬 Filme que recomendo:
Peixe Grande
📺 Série que estou acompanhando:
Sem tempo para séries
🎧 O que tenho ouvido:
'Que História!', o podcast da BBC News Brasil
Quem é a Dra. Luciana Palma
Deixa eu me apresentar a você que chegou aqui agora.
Muito prazer! Sou a Luciana (Lu), cirurgiã plástica especializada em cirurgia das mamas, com mais de 21 anos de experiência na área. Formada pela UFJF em 1993, realizei residência em cirurgia geral e no INCA, no Rio de Janeiro.
Desde 2001, me dedico à Técnica de Mastopexia com cicatriz reduzida em L, buscando resultados estéticos superiores com menor invasividade.
Com mais de 5 mil cirurgias realizadas, sou preceptora de Serviços Credenciados da SBCP e coordeno o Curso Mama em L, compartilhando minha experiência com outros cirurgiões plásticos.
Para agendar uma consulta, te convido a clicar aqui.
Dra. Luciana Palma: RJ CRM 5258334-2 | RQE 17595
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