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Histórias e Reflexões de uma Cirurgiã Plástica em Constante Evolução
Faces da Beleza #016
Palestrando no Congresso Brasileiro de 2022
Querida leitora, quero compartilhar uma história muito especial com você sobre como me tornei professora.
Neste fim de semana, estarei de volta a Juiz de Fora–MG, cidade onde passei 6 anos da minha vida cursando medicina.
Voltar lá como palestrante em um congresso de cirurgia plástica me enche de emoções e memórias.
Memórias que me levam até a infância, inclusive…
Sabe, crescer tendo duas irmãs teve lá suas vantagens…
E uma delas era poder brincar de “escolinha” na varanda de casa.
Eu e minha irmã mais nova nos sentávamos quietinhas, prontas para aprender tudo que a Márcia, nossa “professora” e irmã mais velha, tinha a nos ensinar…
(Spoiler: não era muita coisa além de como obedecê-la!). 😄
Quem diria que, anos depois, eu estaria aqui, me preparando para subir ao palco e compartilhar meu conhecimento com colegas de profissão?
A vida tem dessas reviravoltas, não é mesmo?
Quando escolhi a medicina, confesso que não me imaginava seguindo a carreira acadêmica.
Tanto que sou a única entre minhas irmãs e meu marido a não ter mestrado ou doutorado. Mas, como você vai ver, isso não me impediu de me tornar professora.
Afinal de contas, todo médico é um professor, e foi preciso ir até a Califórnia-EUA para eu aprender essa lição.
Continue lendo.
Medicina e o insight que mudou minha forma de ensinar
Em 2006, Valter (meu marido) e eu fizemos uma viagem inesquecível para a Califórnia.
Lá, passei por uma situação que mudaria para sempre minha visão sobre o papel do médico como professor.
Precisei de atendimento médico por um problema gastrointestinal e fomos a uma clínica local em Santa Mônica.
O médico que me atendeu era o estereótipo do profissional americano de classe média/alta: branco, alto, grisalho, educado e cuidadoso.
Ele explicou tudo sobre o meu quadro, como evitar e como tratar.
Enquanto eu e meu marido conversávamos em português sobre as diferenças entre as clínicas brasileiras e americanas, aquele médico nos surpreendeu.
De repente, ele começou a falar em um português “enferrujado”, como se estivesse abrindo uma mala empoeirada do fundo do armário.
Após nos certificarmos de que não havíamos falado nada constrangedor (ufa!), revelamos que também éramos médicos, o que rendeu uma conversa ainda mais interessante.
Foi então que ele me explicou:
“O médico é um professor, acima de tudo. Para que seu trabalho seja efetivo, ele ensina ao paciente quando trata e diagnostica.”
Esse insight foi transformador para mim.
A partir daquele momento, passei a explicar em detalhes todas as minhas decisões aos pacientes, adaptando a linguagem técnica para que eles pudessem compreender.
Alguns não querem muitos detalhes, mas eu insisto.
Afinal, quando ensinamos, aprendemos ainda mais — e a minha fala foi ficando mais didática.
Esse foi o ponto de virada que me fez abraçar de vez o papel de professora na medicina. E, acredite, as oportunidades não pararam de surgir…
Orientando residentes e criando o Método PaLma
Querida, se tem uma coisa que me orgulha muito é ter participado da formação de inúmeros residentes ao longo da minha carreira.
Imagina só quantas pacientes eles já atenderam e quantas vidas já transformaram!
Desde o início, eu sabia que queria fazer diferente.
Não queria ser aquela professora de residência que só passa o caso na visita, dá uma olhadinha rápida e vai embora.
Eu queria ensinar de verdade, sabe?
Passar todo o meu conhecimento adiante.
Foi aí que comecei a desenvolver o que hoje chamo de Método PaLma.
A ideia era fugir do convencional e criar uma técnica de mastopexia com cicatrizes menores, em formato de L. (Contei mais sobre o método na edição #011).
Primeira turma do Método PaLma - Abril de 2022
Eu queria que minhas pacientes tivessem não apenas resultados estéticos incríveis, mas também uma recuperação mais rápida e confortável.
Comecei a ensinar essa técnica e os resultados foram surpreendentes.
Aos poucos, a diferenciação da cirurgia estética com uma cicatriz em L foi sendo valorizada.
Então, a função de professora foi ficando cada vez mais presente na minha vida.
Comecei a ser reconhecida como uma profissional que havia criado uma estratégia para resolver um problema muito complexo dos plásticos: conseguir entregar às suas pacientes uma cicatriz menor.
Fui estimulada a criar um curso totalmente fora dos meios acadêmicos para ensinar o Método PaLma.
Um curso em que, por um ticket alto, 6 cirurgiões plásticos participavam comigo de uma imersão de um dia todo em um hotel 5 estrelas. E no dia seguinte, participavam comigo de 4 cirurgias em que explicava, na prática, tudo que eu havia falado no dia anterior.
Explicar, dividir, interiorizar todos os passos de uma técnica que estruturei em 20 anos de atendimento era muito prazeroso, mas o mais legal era o dia das cirurgias.
Inclusive, todas as 4 pacientes “modelo” eram pacientes que necessitavam ou desejavam a cirurgia e não tinham a menor condição de pagar por elas.
A seleção obedeceu ao critério de:
Atender às demandas dos alunos naquele tipo de cirurgia (explante, redução, aumento com prótese);
Mas também atender aquelas pacientes que NÃO poderiam arcar com as despesas de um procedimento cirúrgico.
Era gratificante demais ver que cada transformação significava uma nova vida para estas pessoas.
Além da realização das pacientes, eu também estava muito feliz em poder compartilhar minha experiência com colegas e dividir mesas com profissionais que sempre admirei.
Só que o curso Método PaLma não foi uma atividade que substituiu outra na minha vida…
Ela somou mais uma rotina de lançamento no digital e dois dias muito intensos em uma rotina de trabalho bem pesada, tanto objetivamente (mais de 10 horas de trabalho por dia) quanto subjetivamente (preocupação e cuidados com o pós-operatório).
E foi aí que comecei a sentir que precisava dar um passo atrás e cuidar mais de mim mesma.
Então, tomei uma decisão difícil, mas necessária: parar de dar aulas para me dedicar à minha saúde e bem-estar.
Mas, como você vai ver, isso acabou me levando a redescobrir minha verdadeira vocação.
Quando a exaustão bateu à porta
Após 7 edições do curso Método PaLma, quando ele foi finalmente validado, com todas as vagas vendidas e com direito a uma fila de espera…
Eu decidi PARAR de dar o curso!
Eu estava esgotada física e mentalmente.
Guardava todas as minhas energias para conversar com as pacientes e operar.
Não conseguia mais conversar com minha família nem com ninguém além do exigido pela minha responsabilidade.
Imagine a cena:
Eu estava no meio de um curso intenso, dividida entre dar aulas teóricas e realizar cirurgias ao vivo.
Eram mais de 10 horas de trabalho por dia, sem contar a preocupação constante com o pós-operatório das pacientes.
Eu amava compartilhar meu conhecimento e ver a transformação que a cirurgia trazia para a vida daquelas mulheres, mas meu corpo e minha mente estavam me dando sinais de alerta.
As pessoas da minha equipe achavam que eu estava com um problema pessoal e não queria dividir, mas não era nada disso. Eu estava exausta.
Foi então que, em um momento de desespero, comecei uma meditação guiada que encontrei na internet para ver se me ajudava a lidar com tanta tensão.
Aquela meditação foi como um portal para um novo mundo.
Ela nos induzia a celebrar as conquistas e fazer uma prospecção do futuro que desejávamos para nós.
No início, eu mentalizava a gratidão por todo meu esforço ter sido válido, afinal havia conseguido encher as turmas do curso. Prospectava novas edições cheias e o Método PaLma sendo cada vez mais reconhecido.
Mas, lentamente, outro pensamento foi tomando conta daquele desejo de sucesso…
O sucesso que eu queria era uma vida mais calma…
Uma vida em que eu reconhecesse o grande esforço que já tinha feito por todos estes anos, trocando o tempo com minha família por uma dedicação total à cirurgia plástica.
Eu percebi que já era tempo de me libertar de toda a cobrança de sucesso e competência que guiaram minha vida até aqueles dias.
Foi como se um peso enorme saísse das minhas costas.
A meditação permitiu que minha sobrevivência falasse mais forte, e eu finalmente pude abrir mão daquela parte de mim que sempre cobra e exige.
Tomei uma decisão difícil, mas necessária:
— Cancelei os próximos cursos, devolvi o dinheiro das inscrições que já tinha recebido e entendi que ensinar pode ser de várias formas.
Última turma do Método PaLma - Setembro de 2023
Se durante o curso a parte mais prazerosa era o atendimento às mulheres que se beneficiavam da cirurgia, então a assistência era a minha verdadeira vocação, não o magistério.
Aquela meditação, em meio ao caos de um curso intenso, foi o ponto de virada de que eu precisava. Ela me reconectou com o que realmente importa e me deu coragem para fazer as mudanças necessárias.
Hoje, olhando para trás, vejo como aquele momento definiu os rumos da minha vida pessoal e profissional.
Compartilhando conhecimento: De palestras a coaching individual
Querida, como você viu, compartilhar conhecimento sempre foi uma paixão para mim.
Afinal, de que adianta todo o aprendizado que acumulamos se não podemos usá-lo para ajudar outras pessoas?
Ano passado, tive a incrível oportunidade de fazer a conferência do Método PaLma durante a Jornada Carioca de Cirurgia Plástica.
Foi um sonho realizado poder fazer uma cirurgia ao vivo para quase 1.000 inscritos.
Cirurgia ao vivo usando o meu Método PaLma
A emoção tomou conta de mim ao ver tantos colegas interessados em aprender a técnica que desenvolvi com tanto carinho ao longo dos anos.
Aquele momento marcou o início de uma nova etapa no ensino de cirurgiões plásticos.
E logo depois, recebi um pedido que me fez perceber o quanto ainda posso contribuir para a formação de outros profissionais.
Uma cirurgiã plástica de Goiânia me procurou, insistindo para que eu a orientasse de forma mais próxima.
Foi assim que surgiu a ideia de desenvolver um projeto de coaching individual em cirurgias da mama pelo Método PaLma.
Combinamos que eu a atenderia em aulas particulares online e ela se programou para me acompanhar em 4 cirurgias. Mas eu sabia que, para garantir um aprendizado completo e seguro, era preciso ir além.
Por isso, estabeleci como condição que o processo terminasse com uma assistência mais direta.
Ou seja, eu iria até Goiânia para auxiliá-la em uma cirurgia, nas pacientes dela, para que ela tivesse total segurança na realização da técnica.
Afinal, preciso ter certeza de que ela realmente aprendeu e de que a paciente, mesmo sendo de total responsabilidade dela, foi beneficiada pela cirurgia que ensinei.
Esse compromisso com a excelência e com o bem-estar das pacientes é o que me move.
E é por isso que, neste fim de semana em Juiz de Fora–MG, entregarei tudo de mim em mais uma oportunidade de ensino.
Nessa mistura de papéis, sou professora e aluna de diferentes aspectos da atuação profissional e também da vida.
E claro, sou muito grata por cada chance de compartilhar e aprender.
Professora e aluna: Uma jornada de aprendizado constante
Sabe qual é o fio condutor que une todas essas experiências?
O aprendizado constante.
Cada passo dessa jornada me trouxe valiosas lições e me fez evoluir não apenas como médica e professora, mas também como ser humano.
E quanto mais avanço nessa caminhada, mais me convenço de que nunca estamos prontas.
Há sempre algo novo para descobrir, seja sobre nossa especialidade, sobre as pessoas que atendemos ou sobre nós mesmas.
A vida é uma escola que nunca nos dá diploma.
E isso é maravilhoso!
Significa que temos o privilégio de aprender e crescer a cada novo dia.
Então, meu convite para você é abraçar essa jornada de aprendizado contínuo com o coração aberto.
Esteja atenta às lições que a vida te oferece, nas pequenas e grandes experiências do cotidiano. E não se esqueça de celebrar cada passo dado, cada obstáculo superado e cada descoberta feita.
Afinal, é a soma de todos esses momentos que faz de você a mulher incrível que é.
Que tal me contar um pouco sobre sua própria jornada de aprendizado?
Responda este e-mail e me conta:
O que você tem descoberto sobre si mesma e sobre o mundo ao seu redor?
Adoraria ouvir suas histórias e reflexões.
Siga aprendendo, crescendo e brilhando, minha querida. O mundo precisa da sua luz.
Nos vemos no próximo domingo, às 18h.
Com todo o meu carinho,
Dra. Luciana Palma (Lu) 🤍
Enriquecendo a alma
📚 Livro que estou lendo:
O Construtor de Pontes, de Markus Zusak
🎬 Filme que recomendo:
Sociedade dos Poetas Mortos
📺 Série que estou acompanhando:
Sem tempo para séries
🎧 O que tenho ouvido:
The Michael Singer Podcast
Quem é a Dra. Luciana Palma
Deixa eu me apresentar a você que chegou aqui agora.
Muito prazer! Sou a Luciana (Lu), cirurgiã plástica especializada em cirurgia das mamas, com mais de 21 anos de experiência na área. Formada pela UFJF em 1993, realizei residência em cirurgia geral e no INCA, no Rio de Janeiro.
Desde 2001, me dedico à Técnica de Mastopexia com cicatriz reduzida em L, buscando resultados estéticos superiores com menor invasividade.
Com mais de 5 mil cirurgias realizadas, sou preceptora de Serviços Credenciados da SBCP e coordeno o Curso Mama em L, compartilhando minha experiência com outros cirurgiões plásticos.
Para agendar uma consulta, te convido a clicar aqui.
Dra. Luciana Palma: RJ CRM 5258334-2 | RQE 17595
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