Meus Hobbies Libertadores

Faces da Beleza #007

Querida leitora,

Desde muito cedo, eu soube que minha vida seria dedicada a cuidar das pessoas.

No fundo, todos desejamos isso, não é?

Fazer a diferença na vida de alguém, amenizar suas dores e inseguranças…

É uma das maiores fontes de propósito e felicidade que podemos ter.

E para mim, essa missão se materializou na cirurgia plástica.

Sei que pode soar estranho à primeira vista. Afinal, estamos falando de procedimentos estéticos, não de tratar doenças físicas graves.

Mas, ao longo dos anos, aprendi que nossas aparências estão intrinsecamente ligadas à nossa saúde mental e emocional.

Muitas das mulheres que me procuram carregam cicatrizes invisíveis — inseguranças profundas que prejudicam sua autoestima e as impedem de viver em total plenitude.

Através do meu trabalho, não apenas transformo seus corpos, mas ajudo a curar essas feridas emocionais, devolvendo a confiança que tanto anseiam.

E essa certeza de poder mudar vidas me enche de uma alegria imensa.

Acho que, desde criança, eu sabia que meu caminho seria este: cuidar, acolher, reparar.

O Destino Moldando Minha Vocação

Lembro-me como se fosse hoje da primeira vez que segurei uma agulha de costura…

Eu tinha apenas 6 anos quando insisti tanto com minha mãe para aprender a usar a máquina, que ela me levou à casa da vovó.

Uma mulher de poucas palavras, mas que reconheceu meu fascínio por esse “instrumento mágico” que transformava pedaços de pano em verdadeiras obras de arte.

“Você é muito pequena ainda, mas vou te ensinar”

Foi o que ela me disse, provavelmente percebendo minha determinação infantil.

E naquele momento, algo dentro de mim desabrochou.

Eu soube que havia encontrado meu chamado — a habilidade manual seria minha maior aliada para concretizar meu sonho de cuidar e reparar.

Durante a faculdade, pensei que esse desejo se realizaria como psiquiatra.

Desde o início, fui completamente fascinada pela mente humana — como funcionamos, o que nos motiva, nossas emoções e comportamentos.

Eu queria mergulhar nesse universo misterioso para entender e auxiliar aqueles que sofrem internamente.

Mas o universo, sempre sábio, tinha outros planos para mim.

Nas aulas de anatomia e cirurgia, senti uma conexão visceral que não conseguia explicar.

De repente, minha antiga paixão pelo artesanato manual fez sentido…

Eu estava destinada a trabalhar com minhas mãos, remodelar e reconstruir para devolver a integridade outrora perdida.

Aos poucos, fui seduzida por essa “arte sagrada” de reparar corpos e almas.

Ver o brilho nos olhos de uma paciente que recuperou sua autoconfiança é, sem dúvidas, uma das maiores recompensas que a vida poderia me dar.

Eu ficava extasiada a cada vez que conseguia unir minha técnica cirúrgica à escuta profunda das necessidades emocionais dessas mulheres.

E assim, me entreguei de corpo e alma à cirurgia plástica das mamas.

Nesta área, eu encontrei meu chamado supremo: ajudar milhares de mulheres a se reconectarem com sua feminilidade, sensualidade e amor-próprio através de meu trabalho.

O Preço da Perfeição

Querida leitora, por mais que eu ame cada átomo da minha profissão, não posso negar que ela cobra um preço muito alto de mim.

A cirurgia plástica, especialmente na área tão íntima e cheia de significados como as mamas, exige uma precisão técnica impecável.

Cada movimento das minhas mãos precisa ser calculado, cada decisão tomada com a mais absoluta certeza.

E eu me cobro tanto por isso… Talvez até demais.

Desde muito nova, fui ensinada que falhar não é uma opção quando estamos lidando com o bem-estar e a autoestima de outras pessoas.

Cada procedimento deve ser executado com maestria, correspondendo ou até superando as expectativas daquelas que depositam sua confiança em mim.

Mas sabe, às vezes, me pergunto se essa obsessão pela perfeição é realmente saudável.

  • Quantas noites já passei em claro, repassando mentalmente cada etapa de uma cirurgia?

  • Quantas vezes já me senti arrasada por, na minha visão crítica, não ter atingido o resultado ideal?

Lembro bem de uma consulta com minha querida terapeuta, a Denise. Após me ouvir falar sobre minhas angústias, ela simplesmente disse:

“Talvez você devesse considerar não operar mais”.

Confesso que fiquei chocada!

Como assim desistir do meu propósito, da minha razão de viver?

Então percebi que ela não queria me afastar do que eu amo.

Denise apenas desejava que eu encarasse uma dura verdade:

Por mais talentosa e dedicada que uma cirurgiã seja, não existe a perfeição absoluta.

Somos humanos, e eventuais falhas ou resultados aquém do esperado são inevitáveis.

Foi uma pílula muito amarga de engolir, acredite.

Afinal, abracei essa profissão exatamente por querer cuidar, reparar, deixar tudo ainda mais belo.

Então, como aceitar que mesmo com todo meu empenho, poderia ocasionalmente não alcançar esse feito?

Fiquei refletindo para saber qual seria a solução, foi então que encontrei um caminho libertador.

Meus Hobbies Libertadores

Sei o quão pesado é carregar esse fardo da perfeição.

Por isso, tive que encontrar maneiras saudáveis de me libertar dessa carga de vez em quando.

Atividades onde eu pudesse simplesmente relaxar, me expressar livremente, sem a constante cobrança por resultados impecáveis.

Atividades onde eu pudesse simplesmente relaxar, me expressar livremente, sem a constante cobrança por resultados impecáveis.

Foi assim que descobri o poder revigorante dos meus pequenos hobbies libertadores.

Atividades aparentemente simples, mas que me trazem uma alegria pura e descompromissada.

Por exemplo:

  • Você sabia que adoro pintar telas a óleo?

Não sou uma artista talentosa, muito pelo contrário! Minhas pinturas são terrivelmente desencontradas e desprovidas de qualquer técnica.

Mas é justamente isso que torna tão especial para mim.

Gosto de pintar por puro prazer, sem me preocupar se alguém vai admirar ou criticar o resultado.

Outra paixão recente:

  • Os mosaicos de rua.

Já reparou naqueles pequenos azulejos colorizados que decoram alguns bancos e meios-fios?

As pessoas passam distraidamente por eles, sem fazer ideia de que aquelas pequenas obras foram criadas por essas mãos talentosas!

E tudo bem, eu não busco reconhecimento algum. Faço por diversão.

  • O meu hobby mais antigo e acolhedor é, sem dúvida: o crochê.

Você consegue imaginar quão terapêutico é tecer esses pequenos pontos, sem qualquer pressa ou finalidade?

Tenho uma coleção enorme de toalhas de mesa, tapetes e cachecóis pela metade. E não tem problema nenhum!

Eu os faço e desfaço quantas vezes quiser, apenas por puro deleite.

Até mesmo atividades pequenas, como a costura das bainhas das minhas roupas, se tornam uma fonte de alívio para mim.

Algo tão simples, mas que me permite exercitar minhas habilidades manuais sem a pressão das salas de cirurgias.

Mas sabe qual é o melhor de tudo?

  • Nessas pequenas fugas, eu também reencontrei um antigo sonho: ser cantora!

Certo dia, juntei coragem e cantei em um barzinho acompanhada de uma amiga.

Foi uma noite mágica, onde permitimos errar algumas notas e gaguejar algumas letras…

Riamos como crianças ali no palco…

Simplesmente estávamos felizes por fazer o que amávamos, da maneira mais descompromissada possível.

E é assim que mantenho minha sanidade. Através dessas válvulas de escape criativas, eu me lembro de que não preciso ser incrível o tempo todo.

Ter espaço para falhar, para criar apenas por alegria, é um verdadeiro presente para a alma.

A minha mais nova válvula de escape é escrever esta newsletter semanal para você.

Então, eu te pergunto, querida leitora:

  • O que te impede de também abraçar suas pequenas "imperfeições" de vez em quando?

  • Que atividades prazerosas você poderia incorporar na sua rotina, apenas pelo simples ato de se expressar livremente?

Pode ser qualquer coisa, como:

  • Dançar

  • Escrever

  • Bordar

  • Tocar um instrumento

O que importa é que seja uma válvula de escape saudável, onde você não se cobre tanto por resultados arrebatadores.

Um momento para respirar fundo e relembrar que seu valor não está atrelado à perícia da sua profissão ou ao que você produz.

» Responda este e-mail me dizendo quais são as suas atividades criativas e inspiradoras. Adorarei saber!

Com todo o meu amor, sua amiga e parceira,

Lu 🤍

P.S.: Te aguardo aqui, no próximo domingo, às 18h.

Enriquecendo a alma

📚 Livro que estou lendo:
A Menina da Montanha – Tara Westover

🎬 Filme que recomendo:
Carruagens de Fogo

📺 Série que estou acompanhando:
Uma Questão de Química

🎧 Artista que tenho ouvido:
Playlist: Beats para a hora do estudo

Quem é a Dra. Luciana Palma

Deixa eu me apresentar a você que chegou aqui agora.

Muito prazer! Sou a Luciana (Lu), cirurgiã plástica especializada em cirurgia das mamas, com mais de 21 anos de experiência na área. Formada pela UFJF em 1993, realizei residência em cirurgia geral e no INCA, no Rio de Janeiro.

Desde 2001, me dedico à Técnica de Mastopexia com cicatriz reduzida em L, buscando resultados estéticos superiores com menor invasividade.

Com mais de 5 mil cirurgias realizadas, sou preceptora de Serviços Credenciados da SBCP e coordeno o Curso Mama em L, compartilhando minha experiência com outros cirurgiões plásticos.

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