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O desafio oculto por trás de uma apresentação técnica

Faces da Beleza #037

Olá, querida leitora!

Sexta-feira, 4 de abril, tinha tudo para ser um dia maravilhoso. E, de certa forma, foi. Mas não começou exatamente como eu gostaria…

A 20ª Jornada de Búzios de Cirurgia Plástica começou na quarta-feira. Esse evento tem um lugar muito especial no meu coração — não apenas pela tradição, mas pelas memórias e transformações que ele carrega comigo.

Ao longo dos anos, participar desse evento foi uma oportunidade incrível de refletir sobre minha evolução pessoal e profissional.

É também um momento único de troca — onde compartilho minha trajetória e aprendo com colegas brilhantes que admiro.

Ao longo desses dias, alguns desafios e aprendizados me tocaram de maneira especial.

Nessa newsletter, quero dividir com você o que eles me ensinaram — e quem sabe também possam te inspirar na sua própria jornada.

Vamos lá?

Como tudo começou

Minha história com a Jornada de Búzios começou lá em 2005, na primeira edição do evento.

Eu já era cirurgiã plástica e aplicava a técnica da cicatriz em L — mas, naquela época, minha atenção estava toda voltada para minhas pacientes.

Naquela época, meu foco era trazer o melhor para minhas pacientes — sem me preocupar tanto em divulgar a técnica para outros colegas.

Com o tempo, fui convidada a palestrar em diferentes edições, principalmente sobre reconstrução de mama — uma área em que construí sólida experiência ao longo da minha carreira.

E foi justamente em Búzios que, pela primeira vez, compartilhei publicamente minha experiência de 20 anos com a técnica de cicatriz em L.

Desde então, tenho sido reconhecida e convidada para compartilhar esse conhecimento com outros colegas da cirurgia plástica.

Nesta 20ª edição, tive novamente a honra de dividir a mesa com antigas professoras e aprofundar as discussões sobre esse tema que tanto me apaixona.

Estar aqui, tantos anos depois, é uma prova viva de como nossa trajetória profissional é feita de aprendizados constantes, trocas valiosas e da alegria de dividir aquilo que amamos fazer.

Desafios e aprendizados de uma noite pré-apresentação

Chegar a Búzios na véspera da minha apresentação veio acompanhado de um combo de sensações: ansiedade, expectativa e aquele friozinho na barriga típico de momentos importantes.

A viagem, partindo do Rio, levou cerca de três horas. E só chegamos à pousada por volta das 22h.

Eu só pensava em uma coisa: terminar minha aula e ir direto para o quarto descansar.

A pousada, cuidadosamente escolhida após várias recomendações, parecia perfeita — aconchegante como uma casa de praia, mas com detalhes sofisticados por todos os lados.

Mas a noite que antecede uma apresentação é sempre desafiadora, não é?

Ainda preciso aprender a lidar melhor com a insegurança que, embora cada vez menos presente, ainda se esconde no cantinho da minha alma.

Reconheço que ela está menos expressiva a cada dia. Mas ainda está lá — escondida, silenciosa.

Meu desejo é me livrar completamente dessa insegurança. E que eu consiga preparar tudo com mais antecedência e leveza — mas esse é um desafio para os próximos eventos…

O incidente no café da manhã

O dia da apresentação amanheceu com uma mistura de sensações: o corpo sentia o peso de uma noite mal dormida, a mente carregava um leve nervosismo (bem menor do que o esperado) — e ainda uma fome considerável.

Afinal, minha última refeição havia sido 14 horas antes.

Estava certa de que o café da manhã seria tão encantador quanto o ambiente da pousada — e realmente era. Um verdadeiro banquete: pães recém-assados, frutas fresquinhas, bolos caseiros, frios delicadamente dispostos nos balcões refrigerados.

Mas havia um pequeno detalhe: o café só seria servido a partir das 8h e eu precisava estar no evento às 8h30 — com crachá no peito e palestra revisada.

Entrei no salão às 7h52, com pressa e a esperança de conseguir me servir rapidamente. Expliquei minha situação — que tinha uma apresentação importante em menos de uma hora — mas, ainda assim, ouvi um sonoro “infelizmente, não pode”.

Confesso que a fome e a ansiedade falaram mais alto. Me servi mesmo assim — só um pão com presunto, para dar conta da manhã.

E foi nessa hora que um funcionário se aproximou e, com o tom sério de uma repreensão, me disse que aquilo não era permitido.

Ali, eu falhei.

Deixei que a fome, a pressão e a pressa nublassem meu julgamento. Respondi com impaciência, discuti... e saí da pousada com um nó na garganta — e um sentimento amargo.

  • Quantas vezes deixamos que nossas emoções e necessidades imediatas nublem nossa capacidade de agir com gentileza e empatia?

Aquele episódio me fez refletir sobre como pequenos desentendimentos podem facilmente escalar quando não estamos atentos.

O poder do perdão

No caminho até o evento, não conseguia parar de pensar no incidente do café da manhã.

A cena voltava como um filme — e a vontade de voltar atrás, pedir desculpas, era enorme.

Bastava eu ter comido em outro lugar. Era só isso. Se eu soubesse que aquilo tinha tanto peso para ele, teria agido diferente…

Percebi como a fome — tão simples, tão humana — afetou minha percepção e me fez reagir sem a calma e a gentileza que eu tanto prezo.

Foi um lembrete valioso: a nossa evolução pessoal não é algo automático. Ela exige atenção constante.

Nos 50 minutos antes da palestra, enquanto revisava mentalmente o conteúdo — que conheço e amo —, também fui voltando à cena do café.

Senti arrependimento. Respirei fundo.

E fiz o que precisava ser feito: me perdoei.

Afinal, nossos erros e falhas são parte essencial do nosso crescimento. O importante é aprender com eles e seguir em frente, certo?

Desafios como esse ainda vão surgir — e tudo bem. A diferença é que, agora, carrego mais uma lição comigo.

E, com ela, a vontade de responder com mais serenidade e compaixão da próxima vez.

E você, já passou por algo assim — um deslize que te fez pensar depois?

Essas pequenas falhas são como convites ao autoconhecimento.

O perdão a si é um passo fundamental nesse processo.

A palestra e o fechamento de uma jornada emocional

Apesar do início turbulento daquela manhã, posso dizer que a palestra foi um sucesso.

Assim que pisei no palco, deixei o episódio do café para trás. Respirei fundo — e me entreguei por inteiro àquele momento.

À medida que falava, via os olhares atentos, os colegas anotando, fazendo perguntas…
Foi gratificante perceber que consegui transmitir minha mensagem de forma clara e apaixonada.

Falar sobre a técnica da cicatriz em L, despertou curiosidade, respeito e conexão.
E isso me encheu de alegria e propósito.

Os feedbacks positivos e o reconhecimento do público após a apresentação foram a cereja do bolo.

É nesses momentos que percebo o quanto amo o que faço e como vale a pena todo o esforço e dedicação que coloco na minha carreira.

Claro que o ego fica feliz com os elogios, mas o que mais me marcou foi a sensação de estar contribuindo para a evolução da nossa especialidade.

Que minha trajetória ajuda outros colegas a buscar soluções mais modernas, mais humanas, mais seguras para seus pacientes.

Isso, sim, é um grande privilégio.

E assim, após matar a fome no coffee break pós-palestra, pude finalmente relaxar e curtir o restante do evento com o coração leve e a certeza de dever cumprido.

Afinal, nada supera a satisfação de fazer aquilo que amamos e ver que nosso trabalho faz a diferença na vida das pessoas, não é mesmo?

Cada desafio é uma oportunidade de crescimento

Espero, de coração, que esse relato sobre minha participação na 20ª Jornada de Búzios tenha te inspirado de alguma forma.

Que ele tenha despertado reflexões — sobre suas batalhas, seus aprendizados e também sobre sua força.

Muito além de conhecimentos técnicos, o que eu queria dividir com você era a vida real — essa montanha-russa entre erros, superações e aprendizados.

Porque é assim mesmo: nossa trajetória é feita de altos e baixos, de desafios e aprendizados constantes.

Cada obstáculo que encontramos no caminho é uma chance de olhar para dentro, reavaliar nossas atitudes e escolher crescer.

Seja um desentendimento bobo ou uma insegurança, o mais importante é não se prender ao erro.

Mas sim enxergar ali um passo — às vezes desconfortável — rumo à nossa melhor versão.

Afinal, somos seres humanos em constante transformação, e é isso que torna a vida tão rica e emocionante, não concorda?

Então, que tal abraçar os desafios da sua jornada com mais leveza e confiança? Permita-se errar, aprender e seguir em frente, sempre celebrando cada pequena vitória ao longo do caminho.

O segredo está aqui: nunca desistir de evoluir.

De se conhecer, se acolher e transformar cada vivência em impulso para voar ainda mais alto.

Que essa história tenha tocado seu coração de algum jeito.

Nos vemos na próxima semana — com mais reflexões, descobertas e histórias de alma para alma.

Com carinho,

Dra. Luciana Palma (Lu) 🤍

Enriquecendo a alma

📚 Livro que estou lendo:
O Idiota por Dostoiévski

🎬 Filme que recomendo:
O Brutalista

🎬 Série que estou assistindo:
Adolescência 

🎧 O que tenho ouvido:
Michael Singer Podcast

Quem é a Dra. Luciana Palma

Deixa eu me apresentar a você que chegou aqui agora.

Muito prazer! Sou a Luciana (Lu), cirurgiã plástica especializada em cirurgia das mamas, com mais de 23 anos de experiência na área. Formada pela UFJF em 1993, realizei residência em cirurgia geral e no INCA, no Rio de Janeiro.

Desde 2001, me dedico à Técnica de Mastopexia com cicatriz reduzida em L, buscando resultados estéticos superiores com menor invasividade.

Com mais de 5 mil cirurgias realizadas, sou preceptora de Serviços Credenciados da SBCP e coordeno o Curso Mama em L, compartilhando minha experiência com outros cirurgiões plásticos.

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