Os Modismos na Cirurgia Plástica

Faces da Beleza #010

Querida leitora,

Hoje gostaria de refletir com você sobre um assunto que tem me inquietado bastante:

Os modismos na cirurgia plástica e como eles podem influenciar negativamente nossa percepção de beleza.

Antes de mais nada, quero que saiba que você é linda exatamente como é.

Sua beleza vai muito além do físico — ela brilha de dentro para fora, através de sua personalidade única, seus valores e sua essência.

No entanto, sei que muitas vezes somos bombardeadas por padrões irreais de “perfeição” que nos fazem questionar nossa autoestima.

As redes sociais, a mídia, a indústria da moda…

Todos parecem ditar o que é “bonito” ou não em determinada época.

Mas a verdade é que a beleza é subjetiva e transitória.

O que é considerado atraente hoje pode não ser amanhã.

Vamos explorar um pouco mais esse conceito hoje.

Tendências Passageiras

Você sabia que os ideais de beleza mudaram constantemente ao longo da história e entre diferentes culturas?

O que é visto como “bonito” em um lugar pode ser completamente diferente em outro.

Por exemplo:

Na Renascença europeia, as mulheres eram consideradas mais atraentes quando tinham uma aparência mais rechonchuda, pois isso simbolizava riqueza e fertilidade.

Já em algumas tribos africanas, os lábios e narizes alongados eram (e ainda são) vistos como sinais de beleza.

Até mesmo características que hoje podem parecer estranhas, como dentes escurecidos, já foram sinais de status em certas épocas…

No século XVIII, ter dentes manchados indicava que você podia se dar ao luxo de consumir açúcar, um produto caro na época.

Esses exemplos mostram como a definição de “belo” é fluida e depende muito do contexto cultural e histórico. 

Já acompanhei de perto alguns modismos na cirurgia plástica, como:

  • O tempo das mamas grandes, com colo muito marcado por volumes grandes de silicone…

  • Depois se falava em lipo HD e corpos esculpidos na sua camada adiposa para simular hipertrofia muscular…

  • Já teve a moda da prótese de glúteo…

  • E agora se fala muito na retirada dos implantes mamários, o Explante.

O que é celebrado em um momento pode ser completamente rejeitado em outro.

Então, por que nos prendemos tanto a esses ideais transitórios de beleza?

Por que permitimos que eles minem nossa autoestima e nos façam questionar nossa aparência natural?

A  Busca Incessante pela "Perfeição"

Querida amiga, infelizmente vivemos em uma sociedade que cultiva uma busca incessante pela “perfeição” física.

Somos constantemente bombardeadas com imagens irreais de corpos “ideais” que mudam conforme as tendências passageiras da moda e da mídia.

Aí reside o grande perigo:

Muitas mulheres, vulneráveis a essas pressões sociais, se dispõem a se submeter a procedimentos estéticos experimentais ou até mesmo arriscados, tudo em nome de alcançar um padrão de beleza efêmero.

Pense comigo:

Quantas vezes você já se sentiu insegura ou insatisfeita com sua aparência por não corresponder a um “ideal” ditado por celebridades, influenciadoras ou pela indústria da moda?

Eu mesma já passei por isso inúmeras vezes.

Mas a verdade é que esses padrões são fabricados.

Eles são construídos por empresas e indivíduos que lucram com nossa insegurança e desejo de pertencer a um grupo seleto de “belas”.

E sabe o pior?

Muitos procedimentos vendidos como “milagrosos” para atingir esses ideais podem ser extremamente perigosos quando realizados de forma inadequada ou sem os devidos cuidados médicos.

Minha querida, sua saúde e segurança deveriam sempre vir em primeiro lugar. Nenhum padrão estético vale a pena colocar sua vida em risco.

Então, na próxima vez que se sentir tentada a ceder a esses modismos passageiros, lembre-se:

Sua beleza natural e autêntica é muito mais valiosa do que qualquer tendência superficial.

A Moda da Cintura Fina

Querida amiga, gostaria de abordar um caso específico que tem me deixado extremamente preocupada: a tendência de cirurgias para afinar drasticamente a cintura.

Você já deve ter visto celebridades e influenciadoras exibindo suas cinturas incrivelmente finas, quase irreais.

O que muitas pessoas não sabem é que, por trás dessas imagens, pode estar um procedimento cirúrgico experimental e potencialmente perigoso.

Estou falando da cirurgia de remodelamento costal, na qual partes das costelas inferiores são removidas para criar uma cintura mais afinada.

Sim, é tão extremo quanto parece!

Quando ouvi falar disso pela primeira vez, confessei que pensei ser apenas um boato…

Afinal, durante anos de estudo e prática na cirurgia plástica, nunca tinha sido mencionado nada do tipo. Nenhum livro ou congresso abordava esse procedimento.

Mas, infelizmente, essa tendência se tornou uma realidade.

Impulsionadas pelo desejo de imitar um padrão de beleza específico, muitas mulheres estão se submetendo a essa cirurgia experimental, muitas vezes sem total conhecimento dos riscos envolvidos.

Mas o que mais me entristece é pensar nas motivações por trás dessa busca desesperada.

Será que realmente vale a pena arriscar tanto apenas para se encaixar em um padrão de beleza que, com certeza, mudará em alguns anos?

Querida, reflita comigo:

O que realmente importa é você se sentir confiante e feliz com seu próprio corpo, não importa o formato da sua cintura.

Sua saúde e bem-estar deveriam sempre vir em primeiro lugar.

Reflexões Pessoais

Confesso que esse assunto das cirurgias para afinar a cintura tem me deixado com um turbilhão de emoções e questionamentos.

Já estou distante do contorno corporal há algum tempo.

Gosto mesmo de fazer cirurgias nas mamas.

Por isso, estou à vontade para refletir sobre isso, pensando mais do ponto de vista de quem julga um desejo plantado pela mídia.

Caso você não saiba, o mercado funciona mais ou menos assim:

1 - Por meio de atrizes, modelos e celebridades, convencem as mulheres de que uma cintura mais fina vai deixá-las bonitas.

2 - Convencem os cirurgiões plásticos que devem oferecer este serviço porque haverá uma demanda por eles.

3 - Convencem os pacientes de que o procedimento é simples, com alta taxa de sucesso e nem se fala em complicações ou intercorrências.

4 - Vendem cursos para os plásticos, os quais são estimulados a convencer mais pacientes a fazerem para aumentar seu faturamento.

E no meio desse turbilhão…

Eu fico com um grande nó na minha cabeça, pensando se isso é um avanço ou um retrocesso…

Se é marketing ou avanço do mercado…

Se sou sábia ou velha mesmo. (rs)

O fato é que essa é uma luta constante contra esses padrões irreais que nos são impostos. E muitas vezes, a raiz do problema está na falta de autoamor e autocuidado genuínos.

Então, minha missão como sua amiga e médica é continuar incentivando você a se amar exatamente como é.

Aprenda a celebrar suas curvas, seus ângulos, suas características únicas que as tornam seres humanos incrivelmente especiais.

Não é uma jornada fácil, mas estou aqui para apoiá-la e lembrá-la constantemente do quão verdadeiramente bela você é.

Nenhum procedimento cirúrgico pode lhes dar isso — esse é um presente que apenas você pode se dar.

Porque, no final, a beleza que brilha é quando você se ama, se aceita e se permite ser exatamente quem é, sem disfarces ou restrições.

Abrace sua verdadeira essência e caminhe com confiança, sabendo que sua luz interior é muito mais poderosa do que qualquer padrão externo.

Nos falamos no próximo domingo, às 18h.

Um abraço apertado.

Lu 🤍

Enriquecendo a alma

📚 Livro que estou lendo:
A Elegância do Ouriço

🎬 Filme que recomendo:
A Viúva Clicquot

📺 Série que estou acompanhando:
Sem tempo para séries esta semana

🎧 Artista que tenho ouvido:
Vasco Rossi, com a música Albachiara

Quem é a Dra. Luciana Palma

Deixa eu me apresentar a você que chegou aqui agora.

Muito prazer! Sou a Luciana (Lu), cirurgiã plástica especializada em cirurgia das mamas, com mais de 21 anos de experiência na área. Formada pela UFJF em 1993, realizei residência em cirurgia geral e no INCA, no Rio de Janeiro.

Desde 2001, me dedico à Técnica de Mastopexia com cicatriz reduzida em L, buscando resultados estéticos superiores com menor invasividade.

Com mais de 5 mil cirurgias realizadas, sou preceptora de Serviços Credenciados da SBCP e coordeno o Curso Mama em L, compartilhando minha experiência com outros cirurgiões plásticos.

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