Quando um post sobre mamas pequenas alcança 1 milhão de visualizações

Olá, querida leitora!

Eu e Clarissa, minha estrategista digital, sempre discutimos o que vamos publicar.

Seguimos uma linha editorial que passa também pelas chamadas "pautas quentes", assuntos em alta em diversas áreas.

O post que viralizou é a imagem de divulgação de uma série de TV chamada Beleza Fatal.

Mostra a imagem de 3 atrizes da série (eu não assisti ainda) que tem corpos muito magros e mamas muito pequenas.

Uma delas, Giovanna Antonelli, já declarou publicamente ter feito a cirurgia de explante (retirada definitiva dos implantes mamários). As outras duas, Camila Pitanga e Camila Queiroz são naturalmente magras e não relataram nenhum procedimento nas mamas.

Com a imagem delas ao fundo, o post dizia: "Se alguém disser que mamas pequenas não são bonitas, talvez seja hora de repensar suas referências."

O objetivo da publicação foi trazer mais claro um posicionamento como cirurgiã plástica de uma tendência à normalidade nos corpos.

Longe de qualquer julgamento, quando expus mulheres tão sexys mesmo com corpos em um padrão estético de pequena proporção, procurei levar a reflexão que, da mesma maneira que mulheres com mamas grandes podem apresentar alguma dificuldade social, as mulheres magras também tem a possibilidade de lidarem com questões desta natureza.

O post furou uma bolha e colocou meu perfil sendo visualizado por 98% de usuários que nem me seguem.

Provavelmente não me conhecem e nem tem o menor interesse em cirurgia plástica.

E, incrivelmente, teve mais de 1000 comentários.

Para você ter uma ideia do tanto que isso fugiu do padrão, meu melhor post não teve nem 2000 likes e sequer 500 comentários.

Curiosamente, embora com mais de 40 mil curtidas, o número de pessoas que passaram a me seguir não alcançou 500.

Esta exposição a um público que não desejo (diretamente, pelo menos), me trouxe a oportunidade de pensar sobre alguns comentários.

Escolhi alguns deles para compartilhar aqui.

O que aprendi com as vozes de quem me leu

A beleza além da aparência

Este comentário fala sobre o conforto em ter as mamas pequenas, não julga somente se é bonito ou não.

No final, faz uma reflexão sobre a dificuldade de projetarmos nossa insatisfação interna no desejo de termos um corpo diferente do que temos.

Uma memória que me marcou

Em 2011, no final do dia de atendimento em consultas de cirurgia plástica (eu atendia muitas mulheres com câncer de mama que necessitavam fazer reconstrução), chegou a última paciente.

Ao final daquele dia tão pesado, eu não consegui dar o acolhimento que ela precisava.

Me lembro que desaconselhei qualquer cirurgia na mama dela, dizendo exatamente isso: "suas mamas são lindas e saudáveis. Não coloca defeito nelas nem para realçar a beleza, porque não precisa. Valorize sua saúde e seu corpo."

Me lembro exatamente da expressão do seu rosto, decepcionada por não encontrar no cirurgião plástico o acolhimento que ela buscava e desejava.

A construção do nosso "gosto"

O que forma o nosso "gosto"?

Uma série de experiências vividas que vão formando devagarinho nossa opinião do que achamos bonito ou feio.

É mais do que aceito as tendências variarem na escolha das roupas, da decoração, e mesmo de alguns hábitos.

Mas achar bonito ou feio uma parte do corpo funcional e saudável deve merecer sempre nossa atenção no sentido de aceitarmos as diferenças e respeitarmos a opinião alheia.

Entre o dito e o interpretado

Muito interessante a interpretação tão variada do que poderíamos querer dizer...

Realmente, existe uma distância enorme entre o que dizemos e o que as pessoas interpretam.

Meu posicionamento em achar mamas pequenas bonitas não necessariamente me faz não gostar de mamas maiores.

Admirar não é o mesmo que desejar

Ter a opinião que uma característica corporal é bonita é diferente de desejar possuir esta característica.

O comentário começa elogiando algo que ela própria já mudou no seu corpo, e ficou mais feliz.

A individualidade deve ser sempre respeitada e não existe padrões estáveis de beleza.

Reflexões de uma cirurgiã plástica sobre beleza e diversidade

Quando comecei minha carreira, há mais de 20 anos, o padrão de beleza dominante para as mamas era muito diferente do que vemos hoje.

Lembro-me de uma época em que próteses maiores eram quase unanimidade nos consultórios.

Hoje, vejo um movimento crescente de mulheres buscando naturalidade e conforto.

Como médica que atende mulheres com diferentes desejos e necessidades, aprendi que não existe resposta única ou verdade absoluta quando falamos de corpo e autoestima.

O que percebi com este post viral é que existe uma fome por representatividade e por validação de corpos que fogem do padrão comercial predominante.

Muitas mulheres se sentiram vistas e acolhidas ao ver figuras públicas como Giovanna Antonelli, Camila Pitanga e Camila Queiroz celebradas por suas formas naturais.

Ao mesmo tempo, reconheço que meu papel como cirurgiã não é julgar desejos pessoais, mas sim orientar com ética e empatia.

Aquela paciente de 2011 que saiu decepcionada do meu consultório me ensinou uma lição valiosa: por trás de cada pedido de modificação corporal existe uma história pessoal que merece ser ouvida e respeitada.

A beleza existe em todas as formas e tamanhos.

Como profissional, meu compromisso é ajudar você a tomar decisões informadas sobre seu corpo, seja para mantê-lo como é, seja para modificá-lo de forma segura e consciente.

O que você acha? Este post ressoou com você de alguma forma? Estou curiosa para saber sua opinião.

Com carinho,

Dra. Luciana Palma (Lu) 🤍

Enriquecendo a alma

📚 Livro que estou lendo:
Arquitetura no Divã por Shirlei Zonis

🎬 Filme que recomendo:
Flow

🎬 Série que estou assistindo:
O Viajante Relutante

🎧 O que tenho ouvido:
Michael Singer Podcast

Quem é a Dra. Luciana Palma

Deixa eu me apresentar a você que chegou aqui agora.

Muito prazer! Sou a Luciana (Lu), cirurgiã plástica especializada em cirurgia das mamas, com mais de 23 anos de experiência na área. Formada pela UFJF em 1993, realizei residência em cirurgia geral e no INCA, no Rio de Janeiro.

Desde 2001, me dedico à Técnica de Mastopexia com cicatriz reduzida em L, buscando resultados estéticos superiores com menor invasividade.

Com mais de 5 mil cirurgias realizadas, sou preceptora de Serviços Credenciados da SBCP e coordeno o Curso Mama em L, compartilhando minha experiência com outros cirurgiões plásticos.

• Para agendar uma consulta, te convido a clicar aqui.

• Dra. Luciana Palma: RJ CRM 5258334-2 | RQE 17595