Um recomeço após uma pausa inesperada

Faces da Beleza #029

Querida leitora,

Na semana passada, algo inédito aconteceu: não publiquei a nossa newsletter.

Confesso que fiquei tentada a usar a reforma da minha casa como desculpa, mas a verdade é que tempo nunca foi um impedimento para mim.

Lembro-me dos meses de julho e agosto de 2024, tão ocupados e tumultuados, em que não faltou nenhuma edição.

Parece impossível até para mim mesma. Mas eu fiz.

A questão é que sempre temos tempo, a questão é preferência.

Com o ano iniciado há 19 dias, comecei a preparar esta edição há mais de 10 dias, mas não finalizei a tempo de publicar na semana passada.

Não finalizei porque desisti.

O sentimento de desistir não é nada confortável para mim. Não completar uma tarefa que me propus a fazer traz lembranças difíceis do passado.

Mas essas experiências também me ensinaram lições valiosas sobre persistência e compromisso.

Hoje, quero compartilhar com você algumas dessas histórias e as reflexões que elas me trouxeram. Espero que elas possam inspirá-la a perseverar em seus próprios desafios e a escolher seus compromissos com sabedoria.

Lições de persistência: histórias de uma médica em formação

Em 2017, participei de uma corrida de rua, inscrita para os 5 km.

Uma amiga me convenceu a correr os 10 km no lugar do irmão que tinha desistido da prova. Talvez eu nem estivesse bem preparada para os 5, mas topei o desafio.

Troquei minha camiseta com os escritos de 5 para a de 10 e comecei a correr.

Quando estava me aproximando de completar os primeiros 5 km, uma dúvida enorme surgiu: será que eu conseguiria continuar?

Dos 5 até o 6 km foi o mais difícil de todos, o km em que me arrependi de ter topado dobrar o percurso.

O km que eu vi que eu não estava preparada, mas também foi o km que decidi que não tinha volta, eu ia até o fim.

E naquele dilema entre continuar e parar, típico do atleta despreparado, lembrei-me de algumas situações em que desisti e me arrependi demais.

Em uma prova para monitoria da disciplina de ginecologia, eu duvidei que saberia responder às questões.

Em uma atitude inédita para mim, aos 21 anos, levantei e entreguei a prova em branco.

Eu achava que não havia estudado o suficiente, portanto que não merecia o cargo. Mas, ao descer o morro da Glória de volta para minha casa, todas as respostas vieram na minha cabeça.

Eu não deveria ter desistido, eu sabia.

A falta de confiança em mim mesma foi só uma sabotagem. Nada de real tinha naquela sensação de fracasso.

Lembrei-me também da vez que me propus a ir a pé até a UFJF com minha amiga Alessandra.

O que parecia uma aventura se mostrou um esforço absurdo e mal programado.

Pensamos muitas vezes em desistir e pegar um ônibus no caminho, mas fomos caminhando e subindo até que a satisfação em não ter desistido foi tão grande que recusei até caronas maravilhosas (aquelas em que o carro tinha ar condicionado).

Essas experiências me ensinaram que a tarefa deve ser executada com o que sabemos e somos, não com ideias do que deveríamos ser. 

E que a satisfação de cumprir um desafio, mesmo que ele se mostre mais difícil do que esperávamos, supera em muito o alívio momentâneo da desistência.

Então, naquela corrida, eu escolhi a segunda sensação para terminar os 10 km.

Completei com os joelhos doendo, na força desconhecida que temos quando a corda aperta. Saí da linha de chegada com o choro dos vencedores.

É ridículo alguém ficar emocionada por correr 10 km? Talvez. Mas aquela emoção era só minha.

E é por não gostar de desistir que estou aqui, compartilhando com você minhas propostas para 2025.

10 propostas para um 2025 de crescimento e serenidade

1. Não me importar se está sol ou chuva.

Sei que parece uma besteira, mas o que está por trás disso é bem difícil.

Não se aborrecer se chove em um dia programado para a praia ou se faz calor demais em um dia de trekking é um enorme avanço emocional.

É lembrar que o tempo, a meteorologia, tem suas razões científicas e não está nem aí para os nossos planejamentos.

É como se isso fosse uma pequena amostra que a vida acontece independentemente dos nossos desejos. E isso é uma realidade.

Felizes os que não preferem o sol ou a chuva, e se recolhem ao papel de apreciadores do mundo.

2. Não viajar para lugares longe da minha casa.

Viajar é sempre bom, eu adoro. Mas ultimamente estou ficando cansada da função de aeroporto.

Quero viajar com bastante vontade de viajar. Olhar para a mala cheia de desejos.

Chegar no ponto comparável ao momento de quando você fica com tanta fome que come até miojo e acha uma delícia.

É isso que quero planejar com minhas viagens este ano. Esperar dar muita vontade. Não ir por uma necessidade, uma fuga.

Mesmo no ambiente caótico que acontece durante uma obra (a reforma da minha casa vai levar um ano inteiro), eu quero preferir estar presente.

3. Ter serenidade para morar em uma casa que não é minha durante este ano.

Estou acostumada com uma vista linda, da janela indevassável, do barulhinho do vento nas árvores e do barulho dos pássaros.

Acho isso tão especial que fiquei morando em uma casa pequena por mais de 20 anos. E finalmente vamos aumentá-la porque conseguimos adicionar o apartamento ao lado.

Mas para reformar este espaço, terei que me mudar para outro apartamento e permanecer lá por um bom tempo, talvez a maior parte do ano.

Não tem vista, não tem passarinho na janela, não tem espaço grande, nem banheiro só pra mim, nem miniacademia na sala.

Um passo para trás, para depois dar muitos passos para frente.

4. Viver com pouca coisa.

A mudança, mesmo provisória, vai me obrigar a organizar meus pertences de maneira diferente.

Apesar de não entender nada de decoração nem de ambientes externos, eu adoro exercitar minha criatividade escolhendo o que eu vou vestir, experimentar novas combinações. E todo meu acervo vai estar guardado de um jeito diferente.

Vou ter que exercitar minha criatividade, me arrumando com o que está na mão.

Em vez de pensar no que vestir, vou ter que vestir, sem pensar.

5. Melhorar cada vez mais a organização profissional.

Seguir minhas metas mensais de trabalho e nada mais além do programado.

Controlar meu impulso trabalhador e ser firme com os limites que tracei para mim.

6. Ser menos preocupada em alimentar meu ego.

O reconhecimento que eu quero vem das minhas pacientes.

Ter certeza que fiz o melhor, desde o acolhimento dos desejos, do entendimento e escolha das estratégias cirúrgicas e na execução e condução do pós-operatório.

E, se os primeiros dias de janeiro forem uma amostra do restante, eu posso dizer que este objetivo está garantido. Foram dias de trabalho muitos bons em 2025.

7. Falar menos. Pensar sem verbalizar.

Em uma nova economia de vida, com consumo de ideias e coisas e pensamento, economizar palavras também é uma boa.

Falo muito, falo demais.

Posso e devo ficar um pouco mais silenciosa, ruminando minhas palavras internamente.

Até que a filtragem do que falar aconteça naturalmente este exercício talvez seja um dos mais difíceis pra mim.

8. Curtir mais ainda as minhas interações com as pessoas que eu sirvo.

É cada vez mais um prazer atender com carinho e atenção as pessoas que me procuram e desejam a modificação dos seus corpos.

Hoje é como se eu visse mais brilho nesta tarefa.

Perceber uma verdadeira interação e entrega de tudo que vivenciei, no sentido de devolver pra paciente toda a energia investida, para que este contato acontecesse e nossas vidas se cruzassem.

9. Ter menos julgamento nas minhas interações de amizade, querer estar mais alegre nos encontros.

Alegria pelo encontro mesmo. Por estar com outra pessoa com quem tenho afeto.

10. Não desistir dos meus planos, das tarefas que me proponho a completar. E, com isso, escolher melhor as tarefas.

Gratidão, emoção e novos começos

Querida leitora,

Eu adoro estar aqui, falando com você, que para um minutinho da sua vida para compartilhar comigo estas reflexões.

Recebo feedbacks que me deixam emocionada e até sem graça. Fico entre a estudante que achou que não tinha as respostas da prova (e tinha) e a corredora que ferrou os joelhos porque sabia que seria capaz de correr os 10 km.

Mas sabe o que mais me emociona? É saber que, de alguma forma, minhas palavras podem inspirar e acolher você.

Que compartilhar minhas histórias, meus aprendizados e até meus tropeços pode fazê-la se sentir menos sozinha em seus próprios desafios.

Então, neste começo de 2025, desejo a você, minha querida leitora, um ano de crescimento e serenidade.

Um ano em que você possa olhar para seus compromissos com clareza e escolhê-los com sabedoria.

Um ano em que você possa persistir em seus sonhos, mesmo quando o caminho parecer mais difícil do que o esperado.

E se em algum momento você se sentir tentada a desistir, lembre-se: você é capaz de muito mais do que imagina. Assim como eu surpreendi a mim mesma naquela corrida de 10 km, você também pode se surpreender com sua própria força e resiliência.

Então, vamos juntas nessa jornada de 2025, uma semana de cada vez. Com propósito, com persistência e com a certeza de que não estamos sozinhas.

Um abraço carinhoso,

Com carinho,

Dra. Luciana Palma (Lu) 🤍

Enriquecendo a alma

📚 Livro que estou lendo:
Não fossem as sílabas do sábado por Mariana Salomão Carrara

🎬 Filme que recomendo:
The Family Plan

🎬 Série que estou assistindo:
Bad Sisters

🎧 O que tenho ouvido:
Michael Singer Podcast

Quem é a Dra. Luciana Palma

Deixa eu me apresentar a você que chegou aqui agora.

Muito prazer! Sou a Luciana (Lu), cirurgiã plástica especializada em cirurgia das mamas, com mais de 23 anos de experiência na área. Formada pela UFJF em 1993, realizei residência em cirurgia geral e no INCA, no Rio de Janeiro.

Desde 2001, me dedico à Técnica de Mastopexia com cicatriz reduzida em L, buscando resultados estéticos superiores com menor invasividade.

Com mais de 5 mil cirurgias realizadas, sou preceptora de Serviços Credenciados da SBCP e coordeno o Curso Mama em L, compartilhando minha experiência com outros cirurgiões plásticos.

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