Uma Jornada que Transcende o Corpo Físico

Querida leitora,

A busca pela beleza é uma jornada profundamente pessoal, repleta de sonhos, desejos e, por vezes, riscos inesperados.

Hoje, compartilho com você uma história que me marcou profundamente — a de Elvira, uma paciente vinda de Angola durante os prósperos anos entre 2005 e 2010.

Naquela época, muitas mulheres angolanas vinham ao Brasil em busca de grandes transformações estéticas.

Eu as recebia de braços abertos, sentindo empatia por quem deixava família e lar para realizar esse sonho em um país estranho.

Elas buscavam profissionais que pudessem atender seus desejos com segurança e eficiência.

O caso de Elvira, no entanto, tomou um rumo inesperado…

O que deveria ser uma jornada de renascimento estético quase se tornou uma verdadeira luta pela vida.

Através dessa experiência, aprendi lições valiosas sobre ouvir os sinais sutis, manter a empatia acima de tudo e redefinir o que realmente importa quando falamos de beleza.

A História de Elvira: Quando Sonhos Se Tornam Riscos

Naquela época, eu vivia uma fase profissional, digamos, “otimista”.

Mesmo sem abrir mão de toda a ética e cuidado que tinha com as minhas pacientes, sempre acreditava que era possível que uma sequência de cirurgias múltiplas não tivesse nenhuma intercorrência nas pacientes.

Essas pacientes angolanas chegavam e faziam todos os exames aqui no Rio de Janeiro–RJ, em laboratórios e médicos da minha confiança.

Tudo era feito com o maior carinho e atenção, mesmo precisando seguir um cronograma rígido, pois elas não podiam ficar longos períodos no Brasil.

Quando desembarcavam aqui, aguardávamos às 48 horas após o pouso dessa viagem longa, assim permitia que elas fossem submetidas à cirurgia sem o risco maior da trombose venosa profunda e sua terrível consequência, a embolia pulmonar.

Elvira chegou ao meu consultório por indicação de outra paciente angolana, Edna. Com 37 anos e mãe de um único filho de 7 anos, ela veio apenas acompanhada de sua amiga Kátia.

Assim como muitas de suas conterrâneas, ela almejava a tão sonhada “transformação tripla”, uma combinação de: 

1. Lipoaspiração;

2. Cirurgia das mamas; e

3. Cirurgia do abdômen.

Elvira e outras pacientes angolanas, geralmente, ficavam hospedadas em um hotel em Copacabana.

Apesar de minha rotina agitada, eu fazia questão de visitar minhas pacientes em seus hotéis após os procedimentos, na tentativa de minimizar qualquer desconforto no pós-operatório.

O caso de Elvira, no entanto, logo se mostrou fora do comum…

Enquanto a maioria das pacientes começa a melhorar 48 horas após uma cirurgia tão extensa, Elvira só piorava a cada dia que passava.

Eu a examinava, mas não encontrava explicação para seu estado de prostração e fraqueza crescentes. Era para ela estar evoluindo de vento em polpa.

Eu estava atormentada, sem entender por que Elvira não evoluía como as outras pacientes.

Lições Preciosas: Ouvindo os Sinais Sutis com Empatia

Quando cheguei ao hotel, Elvira estava muito pálida, queixando-se de mal-estar abdominal, embora ainda comesse e fizesse suas necessidades normalmente.

Assim, descartei completamente qualquer intercorrência relacionada à lipoaspiração ou problemas pulmonares — o meu maior medo.

Tomada pelo desespero, coloquei-a no carro e chamei meu marido, também médico, para me ajudar.

Seguimos então para um grande hospital de referência. Eu estava atormentada, pensando apenas:

“Por que ela não se recupera como as outras pacientes angolanas?”.

O medo e a culpa, sensações tão difíceis que todo cirurgião um dia enfrenta, causaram um atraso no diagnóstico.

Mas, assim que entramos na recepção da emergência, o médico responsável, após uma breve avaliação, me acalmou:

Aquelas palavras foram uma epifania.

Com a mente finalmente aberta para outras possibilidades além das complicações cirúrgicas, as peças começaram a se encaixar rapidamente.

Lembrei que Elvira havia me contado sobre um aborto recente, ANTES de vir ao Brasil.

Na época, ela relatou não ter planejado aquela gravidez, apesar de desejar por anos ter outro filho. Mas, como já havia programado a viagem e as cirurgias, optou por interromper a gestação ainda inicial em uma clínica em Luanda.

Foi então que um pensamento me ocorreu: 

E se o bebê estivesse na trompa e o aborto não tivesse sido bem-sucedido?

Nesse caso, a aspiração do embrião no útero não teria resolvido nada, pois se tratava de uma gravidez ectópica — fora do lugar.

Essa condição é uma verdadeira emergência obstétrica, pois à medida que o feto evolui, ele não cabe na trompa e pode causar rompimento e sangramento intenso, colocando a vida da mulher em risco.

Convicta do diagnóstico, corri para encontrar um cirurgião geral habilitado. 

Conseguimos um amigo do meu marido.

Enquanto nos encaminhávamos ao centro cirúrgico, Elvira segurou minha mão e fez uma pergunta que partiu meu coração:

Naquele momento, percebi que por trás do desejo de beleza, havia um anseio ainda maior: ser mãe mais uma vez.

Infelizmente, mesmo que não tivesse feito o aborto, aquela gravidez não teria progredido normalmente.

Era inevitável a intervenção cirúrgica de emergência.

Após o procedimento bem-sucedido, Elvira se recuperou rapidamente.

Mas essa experiência me ensinou lições valiosas sobre ouvir os sinais sutis que os pacientes nos dão, mesmo que disfarçados, e mantendo acima de tudo a empatia.

É necessário praticarmos a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro e compreender seus verdadeiros anseios.

A Verdadeira Beleza: Além da Aparência

Querida leitora,

Ao longo da minha jornada como cirurgiã plástica, realizei milhares de procedimentos estéticos. No entanto, poucos casos me marcaram tanto quanto o de Elvira.

Através dessa experiência, fui levada a repensar as próprias definições de beleza que tanto cultivamos.

Por trás do desejo de transformar o corpo, havia um anseio muito maior: o sonho de ser mãe mais uma vez.

A busca por autoestima e aceitação externava um desejo muito mais profundo enraizado em nossas essências como mulheres.

Naquela cama de hospital, acompanhando Elvira enquanto ela implorava por uma chance de prosseguir com aquela gestação tão inesperada, percebi que a verdadeira beleza não pode ser restrita à aparência física.

Ela vai muito além, refletindo nossa força interior, nossa capacidade de renascer de situações adversas, nossa determinação em realizar sonhos por mais improváveis que pareçam.

Elvira me ensinou que, por mais brilhantes que sejam os tratamentos estéticos, eles serão sempre superficiais se não olharmos para o ser humano completo por trás daquela pele.

É nossa jornada interior, repleta de desafios e superações, que molda nossa real beleza.

Desde então, busco não apenas aprimorar minhas habilidades técnicas, mas, acima de tudo, cultivar a empatia e a escuta ativa com cada paciente que me procura.

Pois nossos maiores anseios muitas vezes estão disfarçados por trás dos sonhos estéticos.

Por isso, minha querida, antes de buscar qualquer mudança externa, questione-se: 

- O que realmente alimenta sua alma? 

- Quais são os verdadeiros sonhos que precisam ser resgatados e nutridos?

A beleza que vem de dentro brilha muito mais do que qualquer procedimento.

Uma Jornada que Transcende o Corpo Físico

Querida leitora,

Ao chegarmos ao final dessa jornada introspectiva sobre as verdadeiras faces da beleza, gostaria de lhe deixar algumas inspirações e ensinamentos finais:

Um abraço afetuoso, repleto da mais profunda gratidão por ter você ao meu lado nesse caminho de autodescobrimento.

Que a luz da beleza interior possa brilhar cada vez mais em seu cotidiano!

Até o próximo domingo, às 18h.

Lu 🤍

Enriquecendo a alma

📚 Livro que estou lendo:
A Pediatra

🎬 Filme que recomendo:
Argylle

📺 Série que estou acompanhando:
Presumed Innocent – AppleTV

🎧 Artista que tenho ouvido:
Billie Eilish

Quem é a Dra. Luciana Palma

Deixa eu me apresentar a você que chegou aqui agora.

Muito prazer! Sou a Luciana (Lu), cirurgiã plástica especializada em cirurgia das mamas, com mais de 21 anos de experiência na área. Formada pela UFJF em 1993, realizei residência em cirurgia geral e no INCA, no Rio de Janeiro.

Desde 2001, me dedico à Técnica de Mastopexia com cicatriz reduzida em L, buscando resultados estéticos superiores com menor invasividade.

Com mais de 5 mil cirurgias realizadas, sou preceptora de Serviços Credenciados da SBCP e coordeno o Curso Mama em L, compartilhando minha experiência com outros cirurgiões plásticos.

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• Dra. Luciana Palma: RJ CRM 5258334-2 | RQE 17595